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quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Israelense desenvolve plantas resistentes à seca

Um cientista israelense desenvolveu plantas geneticamente modificadas (GM) que prometem revolucionar a produção mundial de alimentos. Shimon Gepstein, do Instituto de Tecnologia de Israel, alterou os genes de diversas variedades de plantas para que se tornassem resistentes à seca e conseguissem ficar até um mês sem água.
De acordo com ele, a descoberta veio por meio de experimentos visando prolongar a longevidade dos vegetais. “As plantas não apenas sustentam a produção de citocinina, hormônio que retarda o envelhecimento e facilita a fotossíntese, como também exige somente 30% da quantidade de água que plantas convencionais necessitam para crescer e sobreviver”, afirmou.
Testes realizados com uma alface geneticamente modificada evidenciam o sucesso da pesquisa. “Colhi uma alface que levou 21 dias até dar os primeiros sinais de apodrecimento, enquanto variedades comuns da planta geralmente levam cinco ou seis dias para ficarem amareladas”, comentou Gepstein. O pesquisador acredita que a descoberta pode beneficiar regiões que sofrem com a estiagem. “Poderemos, no futuro, levar essas variedades a zonas áridas, onde a fata de água castiga a população e prejudica a agricultura”, disse.
A pesquisa beneficiará principalmente os habitantes de Israel, onde o trigo é plantado no início do inverno e só brota depois das primeiras chuvas. Se não há a precipitação esperada, as plantas acabam morrendo. Os resultados dos estudos já estão ganhando aplicações práticas e empresas multinacionais já manifestaram interesse na tecnologia. Gepstein acredita que, se a técnica for adotada em diversas localizações do planeta, a produção mundial de alimentos jamais será a mesma.



Fonte: Israel 21 – Outubro de 2013

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Anvisa indica vacina de HPV para prevenir também o câncer anal

Por: Luna D'Alama
Do G1, em São Paulo

Doses já eram recomendadas no país contra tumor de colo do útero. Vacina, que ainda não chegou ao SUS, é mais eficaz entre 9 e 26 anos.


A  Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou uma nova indicação para a vacina contra o vírus do papiloma humano (HPV): o câncer anal. As três doses recomendadas, que ainda não estão disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS) – apenas na rede privada –, já têm sido usadas para prevenir o câncer do colo do útero.

A aplicação da vacina de HPV tem maior eficácia se for feita antes do início da atividade sexual de mulheres e homens, principalmente na faixa dos 9 aos 26 anos. Isso porque, nessa fase, as pessoas ainda não se expuseram tanto ao vírus, que é uma doença sexualmente transmissível (DST).

A decisão da Anvisa se baseou em um estudo da Universidade da Califórnia em San Francisco, nos EUA, que foi publicado em outubro de 2011 na revista científica "New England Journal of Medicine".

A pesquisa mostra que a vacina de HPV para evitar o câncer anal é segura e eficaz, e que, embora esse tipo de tumor seja menos comum, o número de casos tem aumentado muito nos últimos anos nos EUA, principalmente entre homens homossexuais e pacientes com HIV.

Segundo o professor Joel Palefsky, que conduziu o estudo clínico com 602 voluntários homens, quase 6 mil americanos são diagnosticados por ano com câncer anal, e mais de 700 morrem. O trabalho aponta, ainda, que a infecção pelo HPV é a mais comum por via sexual no país.

Os homens analisados eram homossexuais de países como EUA, Canadá, Brasil, Austrália, Croácia, Alemanha e Espanha. Todos haviam mantido entre um e cinco encontros sexuais quando tinham entre 16 e 26 anos. Os participantes foram divididos em dois grupos: em um, foi aplicada a vacina Gardasil, que protege contra os quatro principais tipos de HPV (6, 11, 16 e 18), e o outro recebeu placebo (substância sem princípio ativo nem efeitos colaterais).

Os tipos 6 e 11 costumam causar verrugas no ânus e nos genitais, enquanto o 16 e o 18 estão mais envolvidos em casos de câncer. Os pacientes integraram o estudo entre 2006 e 2008, e foram acompanhados por mais três anos após a última dose da vacina.

Os resultados mostraram que a imunização diminuiu a incidência de lesões pré-cancerosas em quase 75% entre os homens que não haviam sido expostos anteriormente a nenhum dos tipos virais presentes nas doses. Entre aqueles que já haviam tido contato com essas cepas, a eficácia foi de 54%.



Câncer anal no Brasil

O câncer anal ocorre no canal e nas bordas externas do ânus. É diferente do tumor colorretal, que atinge as regiões do cólon e reto, segmentos anteriores do intestino grosso.

Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o tumor do canal anal é mais frequente em mulheres, enquanto o que surge nas bordas ocorre mais em homens. A doença é considerada rara, e representa de 2% a 4% de todos os tipos de câncer que atingem o intestino grosso. A faixa etária mais predisposta é após os 50 anos, mas adultos jovens têm manifestado bastante o problema nos últimos anos.

Em 2010, o Inca registrou 274 mortes por câncer de ânus no Brasil – 176 mulheres e 98 homens. Infecções por HPV, HIV e outras DSTs – como gonorreia, herpes genital, clamídia e condilomatose – estão ligadas ao tumor anal. Fazer sexo sem camisinha, ter feridas no ânus, altos níveis de estresse, fazer uso crônico de corticoides (que baixam a imunidade) e fumar também contribuem para a doença.

De acordo com o cirurgião colorretal Marcelo Averbach, do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, o câncer anal provoca lesões na borda da região e desconforto ao evacuar. O cirurgião do aparelho digestivo Fabio Atui, do ambulatório de proctologia e DST/Aids do Hospital das Clínicas (HC) da USP, diz que também pode haver endurecimento da borda anal e sangramento, o que leva a pessoa a achar que tem hemorroida. Dor, ardor, coceira, secreções, alterações dos hábitos intestinais e incontinência fecal são outros sinais que podem ocorrer, diz o Inca.

"O diagnóstico é feito com um toque retal e um esfregaço que usa uma escovinha semelhante à do papanicolau no colo do útero. Já o tratamento é por rádio e quimioterapia, e eventualmente se indica cirurgia", explica Atui. As chances de cura são grandes quando a doença é detectada em estágio inicial.

Segundo o médico, a vacina de HPV pode, no futuro, também ser indicada contra câncer de boca e garganta, outros tipos ligados a esse vírus. Atui ressalta, ainda, que a vacina protege apenas contra as quatro cepas principais, o que não evita que haja infecção ou alguma doença pelas outras mais de cem variações de HPV.

"A grande maioria da população sexualmente ativa já teve contato com esse vírus. Com o decorrer dos anos, o próprio sistema imune do organismo protege contra o HPV. Mas quem tem deficiências imunológicas fica mais vulnerável", afirma.

Como formas de prevenção, é indicado fazer sexo anal sempre com preservativo, pois há bactérias no intestino e microfissuras no ânus que podem facilitar uma infecção. O Inca também recomenda manter uma dieta balanceada, com pelo menos cinco porções diárias (400 g) de frutas, legumes e verduras, além de pouca gordura. Além disso, exercícios físicos regulares reduzem o risco de câncer em geral.