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segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Cientistas desvendam genoma de dois tipos de câncer

Cientistas desvendaram o código genético completo de dois dos mais comuns tipos de câncer – pele e pulmão. Além de facilitar o diagnóstico da doença por meio de testes sanguíneos, o sequenciamento também servirá de base para novas pesquisas em medicamentos.

Cientistas de todo o mundo estão trabalhando para catalogar os genes relacionados aos diversos tipos de câncer humano. O Reino Unido está trabalhando no câncer de mama; o Japão com o de fígado e a Índia com o de boca. A China pesquisa o câncer de estômago, os Estados Unidos estuda os de cérebro, ovário e pâncreas.

Estes catálogos mudarão a forma de pensar a doença. Segundo Michael Stratton, líder da equipe inglesa, a identificação destes genes possibilitará o desenvolvimento de novas drogas que tenham como alvo os genes mutados, causadores da doença, e a elaboração de tratamentos para cada paciente.

Fonte: BBC – 16 de dezembro de 2009.

Aquecimento global começou antes da Revolução Industrial

O início da interferência humana no meio ambiente e, consequentemente, no clima ocorreu em períodos anteriores à Revolução Industrial, que teve início em meados do século XVIII na Inglaterra. Uma pesquisa desenvolvida no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) mostra que, mesmo antes do surgimento das grandes indústrias o planeta já sofria com aumento de temperatura e o início do aquecimento global.

Baseada em coleta, comparações e análise crítica das informações da literatura produzidas mundialmente sobre o tema, a advogada Aretha Sanchez mostra em sua dissertação de mestrado, orientada pelo professor e pesquisador do Ipen Luiz Antonio Mai, que povoados como os maias e mochicas, na América Latina, acádios, no Iraque, e povos da Groenlândia Nórdica, entre outros, sofreram colapsos e desapareceram devido a essa modificação climática local.

Os antigos integrantes desses povoados usaram grande parte dos recursos naturais existentes nos locais em que viviam e foram obrigados a sair de sua região de origem após a deteriorização intensa do ambiente. O desmatamento, a caça, a pesca, o desenvolvimento da agricultura e a poluição das águas foram causas determinantes para a modificação climática regional e, consequentemente, a extinção de importantes povoados.

Apesar da gravidade dessas interferências, a pesquisadora afirma que foram necessárias para que as populações pudessem se desenvolver. “Para que possa haver desenvolvimento, o homem interferiu no meio ambiente e consequentemente no clima. Na época das primeiras interferências climáticas, as populações não tinham consciência de que o uso e a intervenção no meio ambiente pudessem levar seus povoados a extinção. Nós temos esse conhecimento e devemos tentar diminuir essas modificações ambientais”, explica Aretha.

As interferências ocorridas anteriormente à Revolução Industrial foram muito significativas para as modificações do clima em determinadas regiões do planeta. Segundo a pesquisadora, “houve um aumento de até 4ºC na Europa e na América do Norte. Apesar de o aumento de temperatura ter sido regional, podemos falar que foi causado pela interferência do homem no meio ambiente, um ‘aquecimento global’ em escala menor se comparado aos problemas climáticos atuais”.

Mesmo com os malefícios causados por esse aumento significativo na temperatura em certas regiões do globo, que ocasionou desequilíbrio ambiental e extinguiu povoados importantes, Aretha salienta que se não fossem essas interferências iniciais, as populações tanto da América do Norte quanto da Europa não se desenvolveriam da forma como se desenvolveram.


DESIGUALDADE E MEIO AMBIENTE

Os grandes problemas ambientais relacionados ao mau uso dos recursos naturais são causados, em parte, pela desigualdade social. Segundo a pesquisadora, a falta de acesso ao conhecimento e conscientização ecológica atrelada às deficiências educacionais são fatores que tornam as intervenções ambientais mais rotineiras e problemáticas.

“Não há investimentos necessários para que todos tenham esse tipo de educação e desenvolvam consciência ecológica. Um exemplo dessa falta de conhecimento pode ser visto atualmente no Brasil: as pessoas invadem áreas suscetíveis a deslizamento, como as margens de rios, as quais deveriam ser de total controle ambiental. A interferência no ambiente é tamanha que ocasiona enchentes e coloca milhares de vidas em risco”, explica Aretha.

Exatamente pelo fato de grande parte das populações atuais terem maior conhecimento das causas e efeitos das interferências humanas na natureza, é necessário encontrar maneiras de manter o desenvolvimento sem causar tantos danos ao ambiente. “Antigamente não havia consciência do que estava acontecendo e por que alguns povoados se extinguiram. Hoje há essa consciência e conhecimento dos possíveis problemas que enfrentaremos, como o aquecimento global e outras alterações ambientais. Por isso, precisamos procurar uma forma, seja por meio da ciência ou da educação, que nos ajude a frear ou estabilizar as modificações climáticas”, conclui a pesquisadora.

Fonte: GazetaWeb .

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Tragédias que se repetem

Fim de 2008, início de 2009, tragédia em Santa Catarina. Fim de 2009, início de 2010, tragédia no Rio de Janeiro. Não bastava um episódio tão doloroso? Não teria sido possível evitar as proporções terríveis do segundo?

O mais dramático nesses e em tantos outros casos é a repetição. Sugere inércia e uma irresponsabilidade insuportável que, passado o impacto inicial de vidas perdidas e a devastação de patrimônios tão duramente conquistados, retoma a rotina. E o discurso de que foi o excesso de chuvas a razão do desastre.

Áreas frágeis e não recomendadas para habitação continuam a ser ocupadas. Medidas preventivas permanecem sendo tomadas de maneira paliativa, com pouca verba, empenho e prioridade. Há iniciativas como o estudo da Universidade Federal do Rio de Janeiro sobre as vulnerabilidades do litoral do Estado às mudanças climáticas, mas sem consequências práticas.

As pessoas atingidas continuam a depender quase que unicamente do heroísmo de bombeiros, de grupos de defesa civil, de voluntários que, não raro, aparecem nos noticiários impotentes diante da desproporção entre suas forças e a enormidade da perda e da dor.

Não sei o que se pode dizer aos familiares e amigos das vítimas das chuvas e deslizamentos, mais do que foi dito às vítimas de Santa Catarina. As catástrofes causadas pelo mortífero tripé -chuvas fortes, encostas instáveis e construção em áreas inadequadas- só mudam de lugar. O que parece não acontecer é uma intervenção no único vetor do qual temos controle: o uso e ocupação das áreas.
Sei por experiência própria o que é a perda radical, como a que acontece quando uma correnteza avassaladora invade a casa, leva as pessoas e desmonta o nosso mundo.
Não há nada a fazer, a não ser tentar salvar-se e a quem esteja ao alcance da mão. Tudo tão brutal que muitas vezes nem as lágrimas acodem.

John Owen (1616-1683), pastor e teólogo, dizia que os pregadores precisam "experimentar o poder da verdade que pregam em e sobre suas próprias almas". Quem não sente a alma incomodada pelo calvário daqueles que são atingidos de maneira frontal -e, na maioria das vezes, evitável- pelos fenômenos naturais não tem sensibilidade suficiente para mitigá-lo.

Não é justo, não é aceitável que a cada ano mais pessoas passem por tal experiência limite, quando se sabe que é possível fazer mais.

A melhor homenagem às vítimas é lutar para construir e instituir, até porque a tendência é aumentar a ocorrência dos fenômenos climáticos que agravarão ainda mais esse tipo de catástrofe, o que já deveria ser um pleno e efetivo direito da sociedade: a segurança ambiental.
Marina Silva

Tragédia em Angra dos Reis poderia ter sido evitada com mapeamento e gestão das áreas de risco, acreditam especialistas da ABMS


As consequências trágicas dos recentes deslizamentos ocorridos na região de Angra dos Reis, no Estado do Rio de Janeiro, poderiam ter sido evitadas ou minimizadas com o mapeamento e a gestão das áreas de risco. É o que sustentam os especialistas da ABMS, entidade de caráter técnico e científico, que reúne engenheiros geotécnicos cujo trabalho é voltado à estabilidade de encostas, construção de barragens, fundações e outras obras de infraestrutura. Para falar do assunto, a ABMS indica o professor Willy Lacerda, engenheiro carioca que presidiu a entidade e é um renomado especialista no assunto. Ele participou dos estudos da ABMS sobre os deslizamentos ocorridos em novembro de 2008 em Santa Catarina, que culminaram na “Carta de Joinville”, documento em que a entidade propõe uma série de medidas preventivas para mapeamento e gestão das áreas de risco em âmbito nacional. A ABMS é presidida pelo engenheiro Jarbas Milititsky.

“Até quando as autoridades vão assistir impassíveis a estas tragédias anunciadas sem tomar providências que podem salvar vidas?”, questiona o engenheiro e professor Willy Lacerda, ex-presidente da ABMS (Associação Brasileira de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica). Lacerda participou dos estudos da entidade sobre os deslizamentos de novembro de 2008, em Santa Catarina, que culminaram na “Carta de Joinville”.

Neste documento, apresentado em fevereiro de 2009, a ABMS já apontava que “tragédias como a de Santa Catarina podem ocorrer em outros locais deste imenso país, com solos e clima que criam ambientes com grande possibilidade de escorregamentos”. Para evitar a repetição desses fatos, a ABMS propôs na “Carta” o mapeamento e a gestão das áreas de risco, em um trabalho de âmbito nacional. Clique aqui para ter acesso à Carta de Joinville.

Willy Lacerda entende também que as prefeituras de cidades com problemas recorrentes de deslizamentos precisam elaborar leis que disciplinem a construção de edificações em encostas e implantar departamentos técnicos qualificados para lidar com o problema, fazendo o mapeamento e a gestão das áreas de risco, removendo a população para regiões mais seguras e impedindo a expansão de moradias em encostas que apresentem riscos de deslizamentos. "As prefeituras, com raríssimas exceções, não dispõem, em seu quadro técnico, de um profissional com especialização em geotecnia", lembra o engenheiro.

Da ABMS (www.abms.com.br) participam engenheiros geotécnicos e empresas especializadas em obras de infraestrutura, como portos, barragens, fundações, túneis. É uma entidade sem fins lucrativos, criada em 1950, e voltada ao desenvolvimento da Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica no Brasil.

Fonte: Helvio Falleiros
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