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sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

CAATINGA ESTÁ SENDO DESTRUÍDA MAIS RÁPIDO DO QUE A AMAZÔNIA, DIZ MINC


Lisiane Wandscheer

Brasília, DF - O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, disse nessa quarta-feira (29), no lançamento do Mapa das Unidades da Caatinga em Terras Indígenas, que o bioma é um dos mais ameaçados, menos estudados e menos protegidos do país.

Na ocasião, foi assinado um plano de ação entre o Ministério do Meio Ambiente, a Fundação Chico Mendes e a organização não-governamental The Nature Conservancy (TNC) para promover a criação e a consolidação de unidades de conservação na caatinga, a seleção de áreas prioritárias à conservação desse bioma e a elaboração da lista de regiões onde serão feitos estudos até dezembro de 2010.

“O mundo inteiro se preocupa com a Amazônia, nós também nos preocupamos com a Amazônia, mas a caatinga e o cerrado têm pouca proteção. A caatinga está sendo destruída num ritmo mais acelerado que a Amazônia. Eu não quero que daqui a alguns anos o que restou de caatinga vire deserto”, afirmou Minc, referindo-se ao dado de que 62% das áreas com tendência à desertificação estão em zonas originalmente ocupadas pela caatinga.

O ecossistema, exclusivamente brasileiro, ocupa 11% (844.453 quilômetros quadrados) do território nacional, abrangendo parte dos estados do Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e o norte de Minas Gerais. Esse bioma é responsável por grande riqueza de ambientes e espécies, com 932 tipos de plantas, 148 mamíferos e 510 aves.

O mapeamento das unidades de proteção mostrou que, atualmente, 7% da área estão protegidos, mas apenas 1% está em unidades de proteção e reservas indígenas. Os demais 6% fazem parte das Áreas de Proteção Ambiental (APAs), que não são consideradas de proteção efetiva.

O grande impacto da caatinga no meio ambiente decorre da extração de lenha para uso doméstico, para a produção de cerâmica e em siderúrgicas na Região Sudeste, mas é possível fazer o uso sem destruir o bioma, destaca a representante da TNC no Brasil, Ana Cristina de Barros.

“Publicações mostram que se pode extrair lenha da caatinga sem destruí-la, basta que se tenha uma taxa baixa de exploração da madeira para dar tempo à caatinga de crescer novamente. Isto chama-se sustentabilidade. Você tira um pouquinho e a natureza repõe”, afirma Ana Cristina.

Fonte: Envolverde / Agência Brasil.

CRISE CLIMÁTICA VAI TORNAR REGIÕES DO NORDESTE MAIS POBRES, COM MAIS FOME E COM MENOS GENTE


As mudanças climáticas previstas para atingir o Brasil nas próximas décadas devem deixar áreas hoje já vulneráveis no Nordeste ainda mais pobres, com mais fome e com menos gente. Em linhas gerais, essa é a conclusão de um estudo, lançado hoje por pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e da Fiocruz, que buscou avaliar os impactos que o aquecimento global terá sobre as migrações e a saúde na região.

Giovana Girardi

Os pesquisadores trabalharam com a premissa, apontada em agosto por estudo da Embrapa e da Unicamp, de que o aumento das temperaturas vai reduzir as áreas de baixo risco para a agricultura em todo o País, principalmente no Nordeste. A nova pesquisa detalhou essa perda agrícola e calculou os prejuízos econômicos e sociais que ela vai causar. Pelas contas, o aquecimento deve promover uma redução de 11,4% no PIB da região até 2050. Isso deve ser resultado da redução expressiva da área agricultável. Os Estados mais afetados, segundo o trabalho, deverão ser Ceará (-79,6% de terra apta), Piauí (-70,1%), Paraíba (-66,6%) e Pernambuco (-64,9%). Esses números valem para o pior cenário, que prevê aumento de 4°C na temperatura do Nordeste até 2070.

“Desde o início, tínhamos noção de que o impacto climático seria grande, mas os números foram maiores do que esperávamos”, afirmou o economista Ricardo Ruiz, da UFMG. “E, na minha opinião, esse impacto nos PIBs está subestimado porque só avaliamos os danos à agricultura, sem considerar geração de energia e oferta de água.”

A expectativa é que a dificuldade de cultivo, e o conseqüente prejuízo à segurança alimentar, acabem piorando as condições socioeconômicas daquelas populações e aumentem as migrações do sertão para o litoral e para outros Estados, em especial do Centro-Oeste e do centro-norte, mas também do Sudeste. Esta região - que nos últimos anos vem presenciando uma volta dos nordestinos que vieram nos anos 70 - deve receber novas ondas migratórias.

“Pela tendência da região, continuariam ocorrendo migrações nos próximos anos mesmo sem o choque climático. Mas o que vimos é que, com o aquecimento, elas serão mais significativas”, comenta Alisson Barbieri, da UFMG, um dos coordenadores do estudo. Ele trabalhou com a chamada taxa líquida de migração, que é a relação entre a quantidade de pessoas que migram e a população do município. Sem a elevação da temperatura, ela seria em média de - 0,29%, contra -0,39% com o aquecimento. Até 2040, o Nordeste deve perder 247 mil habitantes. Os principais pontos de partida devem ser as regiões metropolitanas do Recife (PE) e de João Pessoa (PB) e a capital Teresina (PI).

A locomoção de pessoas e o aumento das temperaturas e da aridez devem elevar também o Índice Geral de Vulnerabilidade, que mostra quão sensível é uma população a epidemias e à seca. No pior cenário de aquecimento, novamente Ceará e Pernambuco estarão entre os mais vulneráveis.



quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

1º DE DEZEMBRO DIA MUNDIAL DE COMBATE A AIDS: ALUNOS DO PAULO SOUTO REALIZAM PANFLETAGEM

No dia 01 de dezembro foi o dia de luta contra AIDS, os alunos do Colégio Estadual Governador Paulo Souto realizaram mais um trabalho escolar junto à sociedade de Ribeira do Pombal. Eles confeccionaram e distribuiram panfletos, folhetos e folder informativo com o objetivo de levar informações sobre as formas de transmissão e prevenção da doença. Apesar de tantas propagandas nos meios de comunicação ainda falta muito para que os índices de contaminação possam diminuir. Em nossa cidade com quase 50 mil habitantes segundo Dr. Celso o número de soro positivos que recebem o coquetel já ultrapassam 300 pessoas, baseado nesses dados podemos estimar que o número de pessoas contaminadas seja bem maior, pois muitos podem está infectado mais ainda não sabem ou não procuraram orientação médica.

Segundo o Ministério da Saúde, o preconceito e a discriminação contra as pessoas vivendo com HIV/Aids são as maiores barreiras no combate à epidemia, ao adequado apoio, à assistência e ao tratamento da Aids e ao seu diagnóstico. Os estigmas são desencadeados por motivos que incluem a falta de conhecimento, mitos e medos. Ao discutir preconceito e discriminação, o Ministério da Saúde espera aliviar o impacto da Aids no País. O principal objetivo é prevenir, reduzir e eliminar o preconceito e a discriminação associados à Aids. O Brasil já encontrou um modelo de tratamento para a Síndrome de Imunodeficiência Adquirida, que hoje é considerado pela OMS (Organização Mundial de Saúde) uma referência para o mundo. Agora nós, brasileiros, precisamos encontrar uma forma de quebrarmos os preconceitos contra a doença e seus portadores e sermos mais solidários do que somos por natureza. Acabar com o preconceito e aumentar a prevenção devem se tornar hábitos diários de nossas vidas.

O que é Aids

Uma deficiência no sistema imunológico, associada com a infecção pelo vírus da imunodeficiência humana HIV – (Human Immunodeficiency Virus), provocando aumento na susceptibilidade a infecções oportunistas e câncer.

Transmissão:
- o vírus HIV pode ser transmitido pelo sangue, sêmen, secreção vaginal, leite materno;
- relações sexuais homo ou heterossexuais, com penetração vaginal, oral ou anal, sem proteção da camisinha, transmitem a Aids e outras doenças sexualmente transmissíveis e alguns tipos de hepatite;
- compartilhamento de seringas entre usuários de drogas injetáveis;
- transfusão de sangue contaminado;
- instrumentos que cortam ou furam, não esterilizados;
- da mãe infectada para o filho, durante a gravidez, o parto e a amamentação.

Tratamento:
Atualmente a terapia com os chamados “anti-retrovirais” proporciona melhoria da qualidade de vida, redução da ocorrência de infecções oportunísticas, redução da mortalidade e aumento da sobrevida dos pacientes. (Os anti-retrovirais são medicamentos que suprimem agressivamente a replicação do vírus HIV).

Fique sabendo:
A Aids não é transmitida pelo beijo, abraço, toque, compartilhando talheres, utilizando o mesmo banheiro, pela tosse ou espirro, praticando esportes, na piscina, praia e, antes de tudo, não se pega AIDS dando a mão ao próximo, seja ele ou não soropositivo.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Projeto: “Nossos Bichos Nossa Mata”


Domingo dia 30/11/2008, os alunos do ensino médio do Colégio Estadual Governador Paulo Souto, realizaram uma pesquisa de campo no Zoológico e no Oceanário da cidade de Aracaju – Sergipe. O projeto foi elaborado pelo professor Sandoval Amorim com objetivo de levantamento de dados sobre a fauna e a flora que compõem os ecossistemas do Brasil, principalmente a Mata Atlântica já que o Zoológico ou Parque da Cidade é uma reserva desse bioma.

No oceanário os alunos puderam pesquisar várias espécies de peixes além da grande variedade de animais invertebrados tais como: ouriços-do-mar, estrela-do-mar, pepino-do-mar, lírios-do-mar, pitu, lagosta, siri, caranguejo etc. O que mais chamou a atenção dos alunos foram os animais exóticos como é o caso do peixe-morcego, o cavalo-marinho e as rêmoras.
A pesquisa foi coordenada pelos professores: Sandoval Amorim e Reinilson Soares.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

JORNALISTA FRANCESA ACUSA A EMPRESA DE PRÁTICAS MAFIOSAS.


A jornalista francesa Marie-Monique Robin, que acaba de publicar na Espanha um ensaio sobre a multinacional de sementes transgênicas Monsanto, à qual acusa de práticas "mafiosas", diz que não sabe se seu livro "é de terror, mas dá muito medo, pois, infelizmente, tudo o que está lá é verdade".

"Le Monde Selon Monsanto" -- "O Mundo Segundo a Monsanto", em português -- é o irônico título escolhido para um livro no qual ela denuncia, com documentos inéditos e testemunhos de muitas "vítimas", a "impunidade diabólica" da multinacional americana que comercializa "produtos tóxicos", afirma a autora em entrevista à Agência Efe.

As acusações de Robin à Monsanto vão vender sementes geneticamente modificadas que não demonstraram sua "inocuidade tóxica" e que devem ser tratadas com adubos e pesticidas da mesma empresa, "igualmente tóxicos", em um ciclo monopolístico.

Segundo a especialista, o ciclo não acaba somente com a biodiversidade do local onde é implantado, mas também não garante melhores colheitas e empobrece os terrenos.

A jornalista se reuniu durante três anos com políticos, camponeses e cientistas, alguns dos quais "sofreram na própria pele o 'efeito Monsanto'".

Muitos deles sofreram represálias e foram despedidos devido às investigações sobre o risco dos produtos geneticamente modificados e outros adquiriram algum tipo de câncer pelo contato com eles.

A companhia, lembra Robin, comercializa 90% dos cultivos transgênicos do mundo, com 8,6 bilhões de euros -- aproximadamente 26 bilhões de reais -- de faturamento em 2007.

É a maior vendedora de sementes na América Latina, Ásia, Estados Unidos e Canadá, e entre seus "feitos" químicos está a fabricação do "agente laranja", um devastador pesticida utilizado pelos Estados Unidos na Guerra do Vietnã.

Robin afirma que a multinacional tem dezenas de processos penais contra ela no mundo todo, devido a problemas de saúde gerados por seus produtos, mas também por causa de práticas de monopólio.

Segundo a jornalista, a multinacional se comporta como uma estrutura saída da mente de George Orwell -- autor do livro "1984", que retrata um regime autoritário de uma sociedade de vigilância --, já que tem uma "meta totalitária e monopolística" e utiliza métodos muito semelhantes aos da máfia.

O livro faz um percurso pelas relações entre os políticos encarregados de redigir a regulamentação sobre transgênicos e as empresas do setor, com casos de membros da administração pública nos EUA que, após promover leis permissivas a esses produtos, para reduzir os testes toxicológicos, passaram para o outro lado, um inclusive como "vice-presidente" da multinacional.

Fonte: 3Setor / G1.

CIENTISTAS CATALOGAM MAIS DE 1,2 MIL ESPÉCIES DA ANTÁRTIDA


Cientistas alemães e britânicos elaboraram o primeiro inventário detalhado de animais marinhos e terrestres de um grupo de ilhas da Antártida.

Segundo pesquisadores, vida marinha da região é muito rica
A equipe formada por estudiosos da Universidade de Hamburgo, na Alemanha, e do instituto British Antarctic Survey (BAS) conseguiu contar mais de 1,2 mil espécies nas ilhas de South Orkney, incluindo cinco novas espécies.

"Esta é a primeira vez que algo assim é feito, não apenas na Antártida, mas nas duas regiões polares", diz David Barnes, autor da pesquisa e membro do BAS.

Barnes conta que foi surpreendente encontrar tantos animais nas ilhas pesquisadas.

"Das 1224 espécies registradas, havia 50 tipos ou gêneros de animais, muito mais do que encontramos em um único lugar antes", disse o pesquisador.

"Ao obtermos o número real de animais que vivem aqui, podemos monitorar como eles vão reagir à mudança climática, pois eles estão em uma das áreas que estão esquentando mais rapidamente no planeta", acrescentou.

As informações foram publicadas na revista Journal of Biogeography.

Galápagos

Os pesquisadores analisaram obras científicas sobre o assunto de mais de cem anos atrás, além de pesquisas mais recentes.

A conclusão foi de que existiam 1.224 espécies no total, das quais 1.026 foram encontradas em águas da Antártida, incluindo ouriços do mar, vermes, crustáceos e moluscos.

"Se analisarmos outros arquipélagos do mundo que também são isolados, podemos ver que as ilhas South Orkney são, na verdade, mais ricas do que Galápagos em número de espécies que encontramos no mar", disse Barnes à BBC.

"Existe a crença de que existe muita riqueza de vida nos trópicos e que isso vai diminuindo nas áreas temperadas e nas regiões polares", acrescentou. "Isso ocorre porque enxergamos a vida do ponto de vista terrestre e, quando observamos a Antártida e o Ártico, vemos apenas gelo."

"Mas, abaixo da superfície do oceano, existe um ambiente incrivelmente rico, e mergulhar lá é um pouco como mergulhar em um recife de corais", completou o pesquisador.

Décadas de estudo

A equipe também descobriu cinco espécies novas, incluindo animais parecidos com musgo e "insetos" marinhos.

"Esta é uma das áreas mais bem estudadas na Antártida, pois equipes de biólogos estão analisando o local continuamente durante décadas", afirmou Barnes.

Os cientistas agora vão usar o inventário para tentar monitorar como a região reagirá a mudanças ambientais no futuro.

"Se estamos tentando analisar a mudança através do tempo, e tentando relacionar quantidades diferentes de mudanças nas coisas, como resposta ao aquecimento regional ou à acidificação do oceano, é necessário ter este tipo de referência e também é preciso que esta referência seja confiável", conclui Barnes.

Fonte: Estadão Online Ciência / BBC Brasil.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

COMO PRESERVAR NOSSOS VALORES NATURAIS?


Divulgar a fauna brasileira é importante para a conservação no país, mostram pesquisadores da UFSC

Um dos principais objetivos da criação de áreas naturais protegidas é a preservação da biodiversidade, mas para isso é essencial o comprometimento de seus gestores com esse princípio. Além disso, é necessário intensificar as pesquisas direcionadas à proteção e ao conhecimento da fauna dessas áreas. Conduzida com dificuldade por poucos, a conservação poderia envolver muitos outros colaboradores, se todos conhecessem o que queremos preservar.

A importância de nossa biodiversidade é pouco conhecida. Talvez por esse motivo se assista passivamente à ameaça de extinção de espécies da fauna silvestre decorrente da destruição de seus hábitats. A extinção de uma espécie em uma região altera as relações entre as espécies sobreviventes, gerando desequilíbrios ecológicos que afetam a qualidade ambiental e muitas vezes têm conseqüências indesejáveis também para as populações humanas, dificultando ou inviabilizando, por exemplo, o controle de pragas ou reduzindo a produtividade agrícola.

Muitos desses problemas poderiam ser evitados. O conhecimento de nossa fauna e o planejamento de áreas naturais associadas a ambientes urbanos ou agrícolas pode ajudar a manter a biodiversidade, contribuindo para elevar nossa qualidade de vida.

A mata atlântica foi o bioma brasileiro mais afetado pela ocupação do território. As maiores concentrações urbanas do país situam-se em áreas antes cobertas pela floresta litorânea. No entanto, o conhecimento da sociedade sobre a fauna desse bioma é mínimo. Animais extraordinários vivem nas matas de muitos parques e reservas, inclusive os próximos às cidades – ou seja, são nossos vizinhos! Impressiona o espanto de algumas pessoas quando vêem imagens desses animais e ficam sabendo que estão bem perto.

Para muitos, a onça-parda ou leão-da-montanha (Puma concolor) é uma espécie que só existe nos filmes norte-americanos, enquanto a jaguatirica (Leopardus pardalis) vive apenas nas florestas intransponíveis da Amazônia. Mas isso está longe de ser verdade.

De modo similar, o graxaim, ou raposa (Cerdocyon thous), é comum na maior parte das florestas brasileiras, e a única espécie de marsupial com hábitos aquáticos em todo o mundo, a cuíca-d’água (Chironectes minimus), ocorre na maioria dos córregos e rios de ambientes florestais do país. E quem sabe disso?

Noturnos e esquivos
É verdade que dificilmente os animais da nossa fauna são vistos. Os fragmentos remanescentes da mata atlântica – bioma com a maior biodiversidade do país e uma das maiores do mundo – situam-se em áreas de relevo acidentado, justamente onde é mais difícil a ocupação humana. Além disso, as matas são muito densas e nossos mamíferos, por exemplo, são em sua maioria noturnos e esquivos. Para a sorte deles, pois, se ficassem bem à vista, muitos já estariam extintos!

As pesquisas também são poucas e recentes. Portanto, o conhecimento sobre a biodiversidade brasileira ainda é escasso. Então como fazer para divulgar e conservar essa diversidade, se a mata atlântica foi quase totalmente destruída?

Embora a mata atlântica ocupe hoje menos de 10% da área de cobertura original, muitos fragmentos estão protegidos em unidades de conservação. A maioria delas existe apenas no documento que as criou – são as chamadas reservas de papel –, mas ainda assim contribuem para preservar plantas e animais. Quando algum investimento é feito na fiscalização dessas áreas, os resultados, para a conservação, podem ser surpreendentes. Esse parece ser o caso de algumas unidades de conservação estudadas no sul do Brasil.


Maurício E. Graipel, Fernando V. B. Goulart, Marcos A. Tortato,

Luiz Gustavo R. O. Santos e Ivo R. Ghizoni Jr.

Projeto Parques & Fauna, Departamento de Ecologia e Zoologia,

Universidade Federal de Santa Catarina

ENCHENTES EM SC 'SÃO REFLEXO DE MUDANÇAS NA AMAZÔNIA', DIZ 'CLARÍN'



Sistema de formação de nuvens e chuvas na floresta foi alterado, diz jornal argentino.

- As enchentes em Santa Catarina, que mataram dezenas de pessoas e deixaram milhares desabrigadas, são sinal de que o impacto do aquecimento global sobre a Amazônia já está tendo um reflexo sobre o clima da América do Sul, diz artigo na edição desta terça-feira do jornal argentino, Clarín.

"Começa então a se cumprir, muito antes do previsto, o que vêm advertindo os cientistas, entre eles os do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas. (...) As mudanças na floresta amazônica, em conseqüência do aquecimento global e da ação destrutiva do homem, já começaram a se fazer sentir no Cone Sul", diz o diário.

"As tempestades em Santa Catarina, simultaneamente às fortes secas no Chaco, em Buenos Aires, La Pampa, Santa Fé e Córdoba" são citados pelo artigo como reflexos de mudanças na Amazônia.

O Clarín ouviu dois especialistas do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) para explicar o fenômeno.

Segundo o jornal, "o físico Antônio Ozimar Manzi afirmou: 'Esta zona (que inclui a selva no Brasil e mais outros oito países da região) é a principal fonte de precipitações na região'. E tudo o que acontecer modificará de maneira decisiva o clima no sul e no norte da América do Sul".

Paulo Artaxa, também ouvido pelo jornal argentino, explica que "no céu da Amazônia há um sistema eficaz de aproveitamento do vapor d'água (...) mas a fumaça dos incêndios florestais altera drasticamente este mecanismo: diminui a formação de nuvens e chuvas em algumas regiões e aumenta as tempestades em outras".

O Clarín conclui que "não é de se estranhar fenômenos como as inundações de Santa Cataria quanto a seca no norte, centro e leste da Argentina".

“Não são castigos divinos, mas bem humanos”.

Fonte: Estadão Online Ciência / BBC brasil.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

BICHOS EM PERIGO


Quantos animais, no Brasil, correm risco de desaparecer da natureza? Não faz idéia? Então, saiba que o Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção traz a resposta para essa pergunta. Lançada no início de novembro pelo Ministério do Meio Ambiente, essa obra informa que 627 espécies enfrentam ameaça de extinção no país, um número mais de três vezes maior do que o estimado há 11 anos. A boa notícia, porém, é que há animais que deixaram a relação e, portanto, não estão mais sob risco de desaparecer do território brasileiro.

Mil e uma informações

O Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção, além de indicar quais animais correm risco de desaparecer da natureza, reúne informações sobre os lugares onde eles vivem, as principais ameaças que os rondam e quais as estratégias necessárias para garantir a sua sobrevivência. Resultado de um estudo realizado entre os anos de 2003 e 2004, essa relação também é a primeira a informar quais peixes e invertebrados aquáticos podem sumir do Brasil, caso não sejam realizadas ações para protegê-los. Publicado em dois volumes, o livro deve ser distribuído em bibliotecas e escolas públicas de todo o Brasil.

Quem entra e quem sai

Das 627 espécies listadas no Livro Vermelho, 16 correspondem a anfíbios, 20 a répteis, 160 a aves, 69 a mamíferos, 154 a peixes, 78 a invertebrados aquáticos e 130 a invertebrados terrestres. Alguns animais, porém, tiveram sorte e já não estão mais entre os que correm perigo, como o jacaré-de-papo-amarelo (Cayman latirostris), a lontra (Lontra longicaudis) e a harpia (Harpia harpyja).

“Ao todo, 79 espécies não estão mais ameaçadas”, conta Lídio Coradin, do Ministério do Meio Ambiente. “A saída desses animais da lista foi um gol que pretendíamos marcar. É o resultado de esforços de proteção e recuperação, mas, infelizmente, o número de animais que entraram na lista continua grande.”

O peixe-boi, além de 232 espécies de peixes e de invertebrados aquáticos, está estreando na lista de animais ameaçados de extinção.

Muito útil!

O Livro Vermelho poderá ajudar as autoridades e os ambientalistas a lutarem contra o risco de extinção, preservando a riqueza da fauna brasileira. “Esse livro é uma obra inédita, que pode atrair a atenção tanto de pesquisadores como a de pessoas com poucos conhecimentos na área, algo importante, já que preservar o meio ambiente deve ser uma preocupação de todos os setores da sociedade”, conta Lídio Coradin.


MAMUTE TEM GENOMA RECONSTITUÍDO





Uma equipe de cientistas russos e norte-americanos conseguiu um feito que, até alguns anos atrás, pertencia ao domínio da ficção científica. A partir de amostras de DNA preservadas em pêlos congelados, eles conseguiram seqüenciar a maior parte do genoma do mamute, parente dos elefantes modernos que se extinguiu no final do Pleistoceno, há pouco menos de 10 mil anos.

O seqüenciamento foi feito a partir do pêlo de diferentes espécies desse grupo – a grande maioria pertencia ao mamute lanoso (Mammuthus primigenius). A seqüência descrita em artigo publicado na Nature desta semana tem lacunas, mas cobre quase 80% do genoma, segundo as estimativas dos autores, coordenados por Stephan Schuster, da Universidade Estadual da Pensilvânia (EUA).

O genoma mitocondrial do mamute, presente em uma pequena organela no citoplasma celular, já havia sido parcialmente seqüenciado em 2006. Mas o desafio nem se comparava ao soletramento do genoma nuclear desse animal, presente em seus cromossomos – estamos falando aqui de praticamente 5 bilhões de pares de bases, ou quase uma vez e meia o tamanho do genoma humano.

Entre os obstáculos enfrentados pela equipe, estavam a contaminação pelo DNA de outros organismos e a grande fragmentação das seqüências preservadas – algumas das amostras usadas tinham até 100 mil anos. O feito só foi possível graças à combinação de quatro métodos de seqüenciamento de DNA, alguns dos quais são capazes de soletrar seqüências curtas, com poucas dezenas de pares de bases.

A análise dos resultados permitiu aos cientistas identificar genes compartilhados com os elefantes modernos e ajudará a entender a evolução desse grupo. Segundo os autores, a diferença genética entre mamutes e seus primos contemporâneos é de apenas 0,6%, ou metade daquela que separa o Homo sapiens do chimpanzé.

Parque Pleistocênico?

Diante desse feito, é impossível não pensar na obra do escritor norte-americano Michael Crichton, morto no início do mês. Ele é o autor de Parque dos Dinossauros, livro em que cientistas conseguem reviver répteis pré-históricos a partir de amostras de DNA preservadas em âmbar. Mas esse cenário ainda é pura ficção diante das limitações da ciência atual, como mostra um artigo publicado na mesma edição da Nature pelo divulgador de ciência Henry Nicholls.

Segundo ele, para se conseguir reviver uma espécie extinta a partir de sua seqüência genômica, é preciso, no mínimo, dominar os seguintes passos: definir a seqüência exata que se quer usar para criar o animal; sintetizar um conjunto de cromossomos a partir dessa seqüência; envolvê-los em um envelope nuclear; transferir o núcleo para um ovo capaz de sustentá-lo; e levar o ovo a um útero em que a gestação possa ser levada a termo. "E nenhum desses passos é atualmente possível", conclui Nicholls.

É preciso, portanto, nutrir expectativas mais modestas. O grupo que seqüenciou o DNA do mamute espera que, quando forem conhecidos com mais detalhes os genomas dessa espécie e do elefante africano moderno, seja possível apontar diferenças genômicas por trás de fatores como a adaptação ao frio ou mudanças de dieta. "O seqüenciamento do genoma de espécies extintas talvez possa identificar fatores genéticos que afetaram a extinção", especulam os autores no artigo.

Em comentário sobre o estudo publicado na mesma edição da Nature, Michael Hofreiter, do Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva, na Alemanha, lembra que os dados obtidos serão muito importantes em médio prazo. "No futuro, nossa tarefa será entender quais diferenças na escala da seqüência genômica estão por trás das diferenças fenotípicas entre um mamute e um elefante, ou entre um humano e um neandertal, e os genomas cuidadosamente anotados trarão a base essencial para isso", destaca.


Bernardo Esteves
Ciência Hoje On-line

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

O Corredor Central da Mata Atlântica na Bahia


Por Milson dos Anjos Batista


As folhas enchem de ff as vogais do vento
Mário Quintana


Nossa herança para as futuras gerações decorrerá da capacidade em conciliar interesses, às vezes conflitantes, entre o uso dos remanescentes da Mata Atlântica na luta contra a pobreza, e a urgência para assegurar condições ecológicas na perpetuação de espécies que levaram milhões de anos para se diferenciarem. Neste cenário, alternativas de conservação regional, a exemplo do Projeto Corredores Ecológicos (PCE), é um dos últimos esforços macro-regionais para consolidar políticas públicas que assegurem, em tempo hábil, a preservação deste patrimônio biológico excepcional para as gerações futuras.

PROJETO CORREDORES ECOLÓGICOS

O conceito “Corredor Ecológico” ou “Corredor de Biodiversidade” refere-se a extensões significativas de ecossistemas biologicamente prioritários, nas quais o planejamento responsável do uso da terra, facilita o fluxo de indivíduos e genes entre remanescentes de ecossistemas, unidades de conservação e outras áreas protegidas, aumentando a sua probabilidade de sobrevivência a longo prazo e assegurando a manutenção de processos evolutivos em larga escala. Busca-se assim garantir a sobrevivência do maior número possível de espécies de uma determinada região (AYRES et al. 1997).

A formação de corredores ecológicos visa, ainda, incrementar a conectividade entre as áreas naturais remanescentes (áreas núcleo). A curto e médio prazos, um “Corredor Ecológico” é constituído por mosaicos de áreas com diferentes usos deveria permitir a passagem de espécies sensíveis às alterações do hábitat, favorecendo o fluxo gênico entre populações anteriormente isoladas em fragmentos de ecossistemas (RAMALHO & BATISTA,2005).

Na Mata Atlântica, a concepção de corredores ecológicos está sendo posta em prática pelo Projeto Corredores Ecológicos, associado ao Programa Piloto para a Proteção das Florestas Tropicais do Brasil – PPG7. O projeto, sob responsabilidade do Ministério do Meio Ambiente (MMA) e executado em cooperação, com governos estaduais da Bahia e do Espírito Santo, está implementando o Corredor Central da Mata Atlântica. Na primeira fase, o Projeto contou com recursos de doação do Rain Forest Trust Fund (RFT) administrado pelo Banco Mundial, e na segunda fase contará com recursos do Banco Alemão KfW, além da contrapartida financeira do MMA, dos governos estaduais e dos executores locais.

Um caráter marcante do Projeto é que as decisões são tomadas por um comitê deliberativo composto por representantes governamentais, do setor produtivo e da sociedade civil: o Comitê da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica que, na Bahia é composto por três subcomitês que representam cada uma das ecorregiões do Corredor Central da Mata Atlântica: Baixo-Sul, Sul e Extremo-Sul.

Corredor Central da Mata Atlântica – CCMA na Bahia

O Corredor Central da Mata Atlântica - CCMA está localizado nos estados da Bahia e Espírito Santo, ao longo da costa atlântica, estendendo-se por mais 1.200 quilômetros no sentido norte-sul. Este Corredor, além dos ecossistemas terrestres, engloba ainda ecossistemas aquáticos de água doce e marinhos, localizados dentro da plataforma continental. Está inserido no bioma Mata Atlântica e ecossistemas associados, ocupando uma área de aproximadamente 21,3 milhões de hectares. A porção marítima compreende cerca de 8 milhões hectares e a terrestre 13,3 milhões de hectares. Na porção terrestre, cerca de 95 % das terras são privadas, estando o restante ocupado por unidades de conservação federais, estaduais, municipais, e terras indígenas. A quase totalidade dos remanescentes florestais pertencentes a particulares estão, em geral, sob ameaça de alguma forma de exploração ou mesmo de desflorestamento.

Na Bahia o CCMA abrange cerca de 131 municípios, tendo como limite norte o rio Paraguaçu às margens da Baía de Todos os Santos; ao sul, o Rio Mucuri na divisa do estado do Espírito Santo, a leste a porção marinha é definido pela quebra da plataforma continental, a oeste o domínio da floresta ombrófila densa e o divisor de águas do Planalto da Conquista, envolve as florestas decíduas situadas em suas escarpas.

Definição de áreas focais e mini-corredores na Bahia

Na Bahia, foram definidas, cinco áreas focais por meio de compilações sobre biodiversidade, ameaças e oportunidades e a partir de dados Projeto de Conservação e Utilização Sustentável da Diversidade Biológica Brasileira (Probio), com a participação dos diversos atores que atuam no CCMA. Quatro dessas áreas focais são terrestres: Camamu-Cabruca-Conduru; Boa Nova-Conquista; Una-Lontras-Baixão; Descobrimento e uma é Marinha: Banco dos Abrolhos. Nestas áreas serão desenvolvidas as ações específicas, destinadas principalmente a reduzir ou eliminar pressões sobre a biodiversidade, bem que visem o estabelecimento e ou manutenção de conectividade.

Diante de um volume limitado de recursos financeiros e da ampla abrangência territorial do CCMA, as ações do Projeto ocorrerão prioritariamente nos minicorredores situados nas cinco áreas focais do Projeto na Bahia. Esta estratégia fortalece a produção de resultados mensuráveis e, assim, o caráter demonstrativo do Projeto.

A principal estratégia para o estabelecimento e ou manutenção da conectividade física-funcional nos minicorredores se dará com o fortalecimento de ações voltadas ao apoio aos pequenos proprietários rurais - para, a exemplo a averbação de Reservas Legais (RLs), restauração de Áreas de Preservação Permanente (APPs) e apoio à criação de Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs) -, e ao apoio ao desenvolvimento de estratégias econômicas compatíveis com a conservação da biodiversidade, como a implementação e/ou enriquecimento de Sistemas Agroflorestais ( SAFs).

Até o momento, o resultado mais significativo do Projeto na Bahia é a articulação entre dezenas de atores locais e regionais, governamentais, não-governamentais, instituições de pesquisa, movimentos sociais, no planejamento e coordenação de ações e na alocação de recursos. Assim, do corredor ecológico nasce uma verdadeira cultura de cooperação para a conservação da biodiversidade no CCMA, inspirada na busca por soluções concretas, socialmente e ambientalmente viáveis, para a proteção da Mata Atlântica. A disseminação do conceito de corredores ecológicos é outro ganho que pode ser atribuído ao Projeto. Na Bahia, estão em fase de estudos e concepção a implantação do Corredor Central do Cerrado e o Corredor das Onças na Caatinga.

A perspectiva a médio e longo prazo é que as ações do Projeto no Corredor Central da Mata Atlântica (CCMA) sejam incorporadas como políticas públicas compatibilizando a conservação deste celeiro de biodiversidade com a promoção de modos de vida mais sustentáveis as populações humanas.


Milson dos Anjos Batista - Biólogo, coordenador Estadual do Projeto Corredores Ecológicos (UCE/BA)


quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Rei dos mares monitorado


Uma metodologia para identificação das espécies de tubarões exploradas pela pesca no Brasil foi desenvolvida no Laboratório de Biologia e Genética de Peixes da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Botucatu, pelo biólogo Fernando Fernandes Mendonça.


O método de reconhecimento, que utiliza as características genéticas dos animais e pode contribuir para a preservação das espécies capturadas na costa brasileira, conquistou o Prêmio Silvio Almeida de Toledo Filho, na categoria Conservação e Evolução Animal, entregue no fim de setembro durante o 54º Congresso Brasileiro de Genética, em Salvador (BA).


Segundo Mendonça, o método, que identifica a espécie a partir de um pequeno fragmento de sangue ou do tecido dos animais, foi desenvolvido tendo em vista a crescente demanda pela carne e pelas nadadeiras dos tubarões, o declínio de suas populações e os problemas relacionados à sua conservação.


“Até o momento, a metodologia possibilita a identificação de 12 das 25 espécies de tubarões exploradas no Brasil. Em breve, deveremos alcançar a totalidade das espécies comercializadas”, disse à Agência FAPESP.


O trabalho, que teve apoio da FAPESP por meio de uma Bolsa de Doutorado, foi orientado pelo professor Fausto Foresti, do Instituto de Biociências da Unesp. No método empregado, chamado PCR-multiplex, o pesquisador utiliza como ponto de partida as características genéticas exclusivas de cada espécie.


“Utilizamos um gene extremamente conservado entre todas as espécies, o que possibilita a aplicação da metodologia mesmo em populações com alta variabilidade genética. Com a metodologia, diversas espécies de tubarões podem ser identificadas sem a necessidade de observação de caracteres morfológicos, utilizando práticas laboratoriais simples, de baixo custo e viabilizando a fiscalização de espécies capturadas”, afirmou.


As amostras de tubarões, explica Mendonça, podem ser coletadas nos desembarques e nos mercados exclusivos de pesca de diversas regiões do país. “Pode ser utilizado qualquer tipo de tecido que contenha DNA, como sangue, músculos, cartilagem e pele”, disse.


Como no Brasil a pesca de tubarões ocorre em praticamente todo o litoral, o pesquisador e seus colaboradores colheram amostras em cidades onde os desembarques do animal são mais freqüentes, como Salvador (BA), Macaé (RJ), Ubatuba e Santos (SP), Itajaí (SC) e Passo de Torres (RS).


“Retiramos pequenos pedaços de tecido dos músculos ou das nadadeiras, que foram acondicionados em tubos individuais contendo etanol. O material foi levado ao laboratório, onde foi processada a extração e purificação do DNA”, explicou.


Em seguida foi aplicada a metodologia de PCR-multiplex para gerar os fragmentos de DNA para diagnósticos de cada espécie. “Em cerca de seis horas todo o processo é realizado e obtemos a identificação da espécie à qual a amostra pertence”, disse.

Exploração sustentável

De acordo com o pesquisador, cada espécie de tubarão responde de forma independente às pressões exercidas pelo ambiente e também pela ação do homem, o que torna de fundamental importância, para o desenvolvimento de planos de recuperação das suas populações, a identificação das espécies mais capturadas, em que regiões elas ocorrem com maior freqüência e quais apresentam maior risco de desaparecer.


“Atualmente, os tubarões estão classificados entre os organismos mais ameaçados de extinção em todo o mundo, mas pouco tem sido feito para conter sua exploração pela pesca industrial e artesanal. Os estoques de tubarões da costa brasileira vêm sofrendo baixas acentuadas em suas populações, já sendo observado um declínio de cerca de 97% em algumas regiões”, disse Mendonça.


Segundo ele, é exatamente nos dados de captura por espécie que se observa um dos maiores entraves para a preservação dos tubarões no Brasil. De acordo com estatísticas do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), apenas 22% dos tubarões capturados no Brasil recebem algum tipo de identificação.


“Mesmo assim eles são relacionados apenas pelo seu nome popular, que em muitos casos refere-se a mais de uma espécie. Todo o restante é classificado apenas como tubarão ou cação”, conta.


Calcula-se a existência, no Brasil, de cerca de 90 espécies de tubarões, sendo 25 exploradas pela pesca. Mendonça explica, no entanto, que os dados que quantificam as populações e caracterizam se uma espécie está em risco de extinção são extremamente escassos. “Alguns estudos científicos apontam para o desaparecimento de espécies em algumas regiões de nossa costa”, apontou.


Segundo ele, um exemplo é o tubarão-mangona, que era abundante em toda a costa brasileira e hoje é raro nas regiões Sul e Sudeste. “O tubarão-baleia, que tem maior distribuição no Nordeste, também vem desaparecendo. Estão em risco ainda o cação-anjo, o cação-viola, o tubarão-martelo e o tubarão-mako”, disse.


Ainda de acordo com os dados do Ibama são capturados cerca de 15 mil toneladas de tubarão por ano. No Brasil a pesca é realizada em toda a costa, de forma artesanal e principalmente industrial, essa última com desembarques de até mil animais por viagem (em média 30 dias no mar), dependendo do porte da embarcação e da região de pesca.


Para Mendonça, os dados gerados pela aplicação da metodologia são importantes para o desenvolvimento de planos de conservação, mas também podem ser aplicados comercialmente como metodologia de certificação da carne e principalmente das nadadeiras.


“O comércio de nadadeiras é legalizado, extremamente lucrativo e tem seu preço determinado também pela espécie à qual a nadadeira pertence. Atualmente, a identificação é feita de forma empírica, apenas pelo aspecto do produto”, explica.


No mercado asiático, conta Mendonça, as nadadeiras chegam a custar até US$ 400 o quilo, muitas vezes sem que se saiba a quais espécies elas pertencem. “Dados de captura e comercialização por espécies são extremamente escassos e essa nova metodologia poderá ser utilizada para o desenvolvimento de estatísticas mais representativas sobre as espécies de tubarões brasileiros e sua exploração”, disse.


Fonte: Agência FAPESP.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Projeto quer que crianças e jovens sejam aliados no combate ao tráfico de animais



Teve início ontem (20) o projeto A Escola é o Bicho que faz parte das ações da Campanha Nacional de Proteção à Fauna, lançada da semana passada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e pelos Ministérios do Meio Ambiente e Educação.
O objetivo do projeto é conscientizar crianças e jovens sobre a importância de se combater o tráfico e evitar maus-tratos de animais silvestres e capacitar professores como multiplicadores da ação.

Durante este ano, dez escolas particulares do Distrito Federal serão visitadas. A expectativa é levar informação a cerca de 2 mil estudantes. "O Ibama está trabalhando fortemente em projetos de reintrodução de animais à natureza, mas tudo tem como aliado uma ampla campanha de conscientização da população. E nada melhor no início dessa conscientização que o trabalho nas escolas. É onde nós esperamos mudar essa realidade", afirma o coordenador de Fauna do Ibama, João Pessoa Moreira.
Durante todo o período da manhã, alunos do 5° ano de uma escola particular de Brasília tiveram a oportunidade de conhecer mais sobre o trabalho do Ibama e a importância da preservação do meio ambiente. No evento, eles assistiram a palestras de agentes do órgão e de organizações não-governamentais que trabalham em prol da natureza, além de apresentações de peças de teatro sobre o tema.

De acordo com dados do Ibama, por ano, cerca de 50 mil animais silvestres apreendidos chegam ao centros de triagem do órgão. "São dados muito preocupantes, que levam ao aumento do número de espécies ameaçadas de extinção", alerta João Pessoa.

Segundo o coordenador disciplinar da escola, Luciano Brandão Gallo, o trabalho com os alunos é feito de duas maneiras: conscientização e contextualização, por meio de palestras, pesquisas e saídas de campo, nas quais o aluno vivencia o que aprendeu em sala de aula. "Uma instituição de ensino forma cidadãos, então a vontade de ajudar a sociedade, de melhorar o mundo que a gente vive, faz parte da própria existência da escola. O trabalho do Ibama é muito importante e vem dar um amparo técnico e suporte para desenvolver esse trabalho de educação ambiental dentro da escola", considera Gallo.

Ibama espera levar o projeto a outras 20 escolas públicas do Distrito Federal. Para isso, está em negociação um acordo com a Secretaria de Educação para a realização de ações nas escolas da rede de ensino local. "Nós já estamos com um acordo de cooperação para ser assinado com o GDF [Governo do Distrito Federal] e pretendemos concluí-lo até o final do ano", revela Moreira.
Depois do projeto-piloto em Brasília, A Escola é o Bicho deverá ser estendida aos demais estados do país a partir do início do próximo ano.

Foto: O coordenador de Fauna do Ibama, João Pessoa Moereia, fala na cerimônia de lançamento da Campanha Nacional de Proteção à Fauna, nas escolas. O Colégio Leonardo da Vinci será o primeiro em Brasília a receber a campanha cujo tema é A Escola é o Bicho.
(Marcello Casal)

Fonte: Blog Eco Agência / Agência Brasil.

Lei que restringe uso de animais como cobaias está no Diário Oficial


Brasília - Estão na edição da semana passada (09) do Diário Oficial da União os procedimentos para o uso científico de animais. De acordo com a Lei n.º 11.794, apenas instituições de ensino superior e estabelecimentos de educação profissional técnica de nível médio da área biomédica poderão usar animais em experiências científicas.


São consideradas atividades de pesquisa científica, segundo a norma, as relacionadas com ciência básica, ciência aplicada, desenvolvimento tecnológico, produção e controle da qualidade de drogas, medicamentos, alimentos, imunobiológicos. Não são atividades de pesquisa as práticas zootécnicas relacionadas à agropecuária.


A legislação cria também o Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (Concea), que tem como finalidade fiscalizar o cumprimento das regras, credenciar instituições para criação ou utilização de animais em ensino e pesquisa científica, monitorar e avaliar a introdução de técnicas alternativas que substituam a utilização de animais em ensino e pesquisa.


As instituições que desrespeitarem a lei estão sujeitas a multa de R$ 5 mil a R$ 20 mil.


segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Vote para o Pantanal ser reconhecido como uma das 7 maravilhas


O Pantanal, representado pelo Parque Nacional do Pantanal Mato-Grossense foi nomeado para concorrer, em votação, internacional, pela internet, para ser eleito uma das 7 maravilhas naturais do mundo. O concurso é promovido pela entidade Fundação New7Wonders (http://www.new7wonders.com/) a mesma que realizou a eleição das novas maravilhas monumentais do planeta.
Reconhecido pela Unesco, em 2000, como Reserva da Biosfera, o Pantanal é considerado uma das reservas naturais mais exuberante, diversificada e selvagem do planeta.
Ao colocar o Pantanal entre as sete maravilhas do mundo voltaremos os olhos do mundo para a importância da conservação deste santuário natural, não apenas do Parque Nacional, mas de todo o Pantanal.
Pantanal A planície pantaneira cobre uma área de quase 210 mil quilômetros quadrados e ocupa parte dos territórios do Brasil (140 mil km² nos estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul), Paraguai e Bolívia (70 mil). Funciona como um corredor de transição entre as bacias Amazônica e Prata. É uma região única na qual se encontram o Cerrado, o Chaco, a Amazônia, a Mata Atlântica e o Bosque Seco Chiquitano. Esta situação, somada aos pulsos de inundação, permite particular diversidade e variabilidade de espécies.

Vote pelo Pantanal e confira neste hot site bons motivos para que este paraíso seja reconhecido como uma maravilha natural.

A evolução em quadrinhos


Um concurso para quem sabe fazer boas histórias com a ciência


Quem foi Charles Darwin? O que é a teoria da evolução? Não sabe a resposta dessas perguntas? Então, atenção para a CHC 194. Ao ler esse número da sua revista favorita, você não vai apenas conhecer o naturalista britânico que mostrou como os seres vivos evoluem, isto é, como eles se alteram ao longo do tempo, mas também ficar por dentro de um concurso que vai dar uma viagem ao vencedor, com direito a acompanhante! Gostou? Então, se você tem até 16 anos e está cursando o Ensino Fundamental, leia a CHC 194, inspire-se e crie uma história com cinco ou seis quadrinhos coloridos, em papel A4, que tratem da teoria da evolução. Uma comissão formada por ilustradores da revista, cientistas e integrantes do Ministério de Ciência e Tecnologia irá eleger a história em quadrinhos mais interessante. O autor da história escolhida ganha uma assinatura da CHC e uma viagem com acompanhante para o Rio de Janeiro ou para São Paulo, onde visitará diferentes centros de pesquisa. Para participar, envie seu trabalho, até o dia 31 de dezembro, para a Redação da revista Ciência Hoje das Crianças: Av. Venceslau Brás, 71, fundos, casa 27, CEP 22290-140, Rio de Janeiro/RJ. No envelope, coloque o nome do concurso: A Evolução em Quadrinhos! Na CHC 198 (janeiro e fevereiro de 2009), será publicado o resultado. Participe e... Boa sorte!


A Redação

Ciência Hoje das Crianças

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Operação do Ibama desmonta tráfico de animais silvestres em Pernambuco

Lucia Leão

Treze pessoas foram presas e 1.232 animais libertados na maior operação de repressão ao tráfico de animais silvestres já realizada pelo Ibama. Chamada Operação Vôo Livre, a ação foi realizada nos municípios de Belo Jardim, Serra Talhada, Sertânea e Caruaru, onde encerrou nesta sexta-feira (26) a primeira etapa sob comando do ministro Carlos Minc. Das 1.215 aves, mais de 300 foram soltas na manhã desta sexta-feira na Serra de Jerusalém, na região do agreste. As restantes são nativas do sertão, e serão soltas em suas regiões de origem. Muitas também estão debilitadas e serão encaminhadas ao Centro de Tratamento de Animais Silvestre-CETAS de Recife antes de ganharem a liberdade.
?Traficantes na gaiola e pássaros em liberdade?, comemorou Minc depois de acompanhar o flagrante na casa do traficante, André Pereira da Silva, de 29 anos, e a soltura das aves na Serra de Jerusalém.
Nos fundos do barraco de uma área muito pobre de Caruaru, André Pereira mantinha mais de 200 pássaros de alto valor comercial. Perguntado pelo ministro, o traficante admitiu que venderia as aves por R$ 5,00 cada. Comparando com a prática do tráfico de drogas, Minc disse que pessoas como André são a ponta de um grande esquema internacional, que será investigado com a ajuda da Polícia Federal e a Interpol.
?Essas aves que ele vende por R$ 5,00 chega ao consumidor final, na Europa, por R$ 3 mil. Só numa gaiola ele tinha 14 ?cancões?, uma das espécies mais valiosas. Ele tinha US$ 42 mil naquela gaiola?.
O tráfico de animais silvestres é o terceiro em volume no País e a estimativa é que ele movimente até US$ 6 milhões ao ano. Já os danos à natureza são incalculáveis. De cada dez aves caçadas, nove morrem na captura, no transporte ou no cativeiro.
Entre os pássaros apreendidos, os 35 fiscais do Ibama encontraram pintassilgos, espécie ameaçada de extinção. Além de galos de campina, jandaias, papa-capins, canários da terra, curiós e bem-te-vis, tico-ticos, canários da terra, corujas buraqueiras e papagaios engaiolados. A operação também resgatou 15 jabutis, um tatu e um veado catingueiro.
Gerusa Barbosa
Assessoria de Comunicação
Ministério do Meio Ambiente
+55 61 3317-1227/1165
Fax:+55 61 3317-1997

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Dia mundial pela limpeza das águas - 19 de Setembro

Portal do Meio Ambiente
CONVOCAÇÃO GERAL
O Instituto SOS Rios do Brasil convoca todos que valorizam nossas águas e sabem da sua importância para a vida no planeta:
Vamos comemorar com ações proativas as importantes datas do calendário ecológico!

19 set – Dia Mundial Pela Limpeza da Água(International Cleanup Day)

20 set - Dia Mundial de Limpeza de Praias, Mares e Oceanos (International Coastal Cleanup)

Prepare uma matéria ou chamadas em sua mídia, organize um mutirão com a turma de sua escola, universidade, ONG, clube de mergulho, grupo comunitário, comitê de bacia, igreja ou local de trabalho e arregacem as mangas para limpar seus rios, ribeirões, córregos, lagos, suas praias e até mesmo o oceano onde mergulha!Enviem a programação, os cartazes e fotos para publicação no Blog do SOS Rios do Brasil.

“ÁGUA – QUEM USA CUIDA”

Uma campanha do:
Instituto SOS Rios do Brasil
http://sosriosdobrasil.org/

Saudações eco-fluviais
Prof. Jarmuth AndradeInstituto SOS Rios do Brasil
Ajude a salvar nossos rios visitando e divulgando o blog: http://sosriosdobrasil.org/ - faça a sua parte!

Sabrina Domingos


As mudanças climáticas ainda causam muitas controvérsias entre os cientistas. Pesquisas diferentes com métodos diversos chegam, muitas vezes, a resultados totalmente distintos uns dos outros. Na última semana, por exemplo, dois estudos publicados em revistas científicas trouxeram dados novos sobre as conseqüências do aquecimento global previstas até hoje. Em contraponto às previsões existentes sobre o aumento do nível do mar, um estudo publicado na Revista Science define que a elevação dos oceanos não deverá ser superior a dois metros neste século. A expectativa, apresentada por cientistas do Instituto de Pesquisa Ártica e Alpina da Universidade do Colorado, nos Estados Unidos, é menos alarmista do que a apresentada pelo filme “Uma Verdade Inconveniente”, em que o ex-vice-presidente Al Gore alerta para a possibilidade de as águas subirem até seis metros no mesmo período.
Ainda em relação aquecimento global, um estudo publicado na Revista Nature esta semana afirma que as tempestades tropicais estão ficando mais fortes. A culpa sugere o artigo, pode ser das mudanças climáticas, em função justamente do aumento das temperaturas dos oceanos. Outros pesquisadores, no entanto, acreditam que o aquecimento pode reduzir a freqüência dos furacões.

Menos gelo, mais água

Mesmo a elevação de dois metros no nível do mar prevista pelos cientistas americanos seria catastrófica para muitos países litorâneos, que perderiam grande parte de seus territórios. Com apoio de membros de outras universidades dos Estados Unidos, o grupo de cientistas do Colorado mediu o aumento dos oceanos causado pelo degelo na Antártida, na Groenlândia e em outras plataformas de gelo e determinou que a elevação dos níveis do mar será de um a dois metros até final desse século.
"Mais de dois metros é fisicamente impossível", afirma Tad Pfeffer, um dos autores do estudo. Ele explica que essa altura só seria ultrapassada com um grande aumento na velocidade com que o gelo chega até o mar. "Simplesmente não existe uma maneira de o gelo chegar ao oceano tão rápido", admite. Utilizando a Groenlândia como exemplo, Pfeffer diz que, para o nível do oceano subir dois metros até 2100, todas as geleiras precisariam acelerar em 70 vezes o ritmo atual de deslocamento em direção ao mar.

Mais vento, mais forte

Liderados pelo meteorologista James Elsner, da Universidade do Estado da Flórida (EUA), os pesquisadores que escreveram o artigo para a Nature analisaram dados de satélite de tempestades tropicais desde 1981 e descobriram que a velocidade máxima dos ventos nos fenômenos mais fortes aumentou significativamente nos últimos anos, principalmente no Atlântico Norte e nos oceanos ao norte da Índia.
As tempestades tendem a formar ciclos por décadas, por isso é difícil definir ano a ano se o número de furacões realmente está crescendo. Em geral, a quantidade de tempestades em todo o mundo tem se mantido constante – o que leva alguns cientistas a defender até a redução na freqüência desses eventos. O estudo, por outro lado, argumenta que as temperaturas mais amenas da superfície do mar resultarão em tempestades mais fortes. A água mais quente dos oceanos permite que o fenômeno em formação capture mais ar quente, o que potencializa a tempestade.
“Os furacões são guiados pela transferência de energia entre o oceano e a atmosfera”, afirma o meteorologista Kerry Emanuel, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts. “Quando aquecida, a água possui maior habilidade de se evaporar e um maior índice de evaporação produzirá furacões mais intensos”.

Incerteza

A discordância entre os pesquisadores é justificada pela falta de registros 100% confiáveis sobre furacões passados – por isso eles não têm como afirmar com certeza que o aumento recente na intensidade das tempestades não ocorreu anteriormente, anos antes de a Terra começar a aquecer.
O tempo é outra variável incerta, o que torna complicado definir precisamente como o aquecimento futuro pode afetar a formação das tempestades. Os modelos climáticos funcionam bem em nível global, mas raramente podem ser aplicados com segurança em áreas menores de 200 metros quadrados – espaço maior do que o atingido por muitos furacões.
“Não se trata de uma simples relação com a superfície do mar, é mais complicado do que isso e nós precisamos que os modelos sejam melhorados”, afirma Judith Curry, presidente da escola de ciências da terra e da atmosfera no Instituto de Tecnologia da Geórgia (EUA). Ela entende que a modelagem climática será aperfeiçoada para que se consiga entender melhor como o aquecimento irá intensificar as tempestades, mas alerta que esta é uma questão secundária. Curry afirma que, mais fortes ou não, os furacões continuarão a acontecer e que o primordial neste momento estar preparado para enfrentá-los.

Fonte: CarbonoBrasil / BBC News / Times Online.

Aquecimento Global: Nível dos mares pode acelerar em razão do derretimento da camada do gelo

Portal do Meio Ambiente
Segundo informou o diário britânico The Guardian, em sua edição de segunda-feira (01), até o fim do século, o nível dos mares poderá aumentar três vezes mais rápido do que agora, como resultado do crescente ritmo do degelo na Groenlândia.Segundo Ian Sample, do The Guardian, os pesquisadores concluíram que a água resultante do degelo terá o triplo da média atual, chegando a 9 mm ao ano, o que alcançará quase um metro por século.
Diz, ainda, que o nível do mar já mostra elevação como resultado das crescentes temperaturas, já que os oceanos expandem-se à medida em que aquecem. Até agora os cientistas tinham pouca compreensão sobre a velocidade com que as as camadas de gelo, como as da Groenlândia e da Antártica começarão a desaparecer.
Prossegue dizendo que já podem ser constatados sinais de que a cobertura de gelo da Groenlância, que cobre 1.7 milhões de Km2, já está em processo de derretimento mais rápido do que o esperado. Isso se deveria pelo acúmulo de água que escorre por entre as fissuras da camada de gelo, provocando o seu derretimento.
Os cientistas buscaram comprovação de resultados através do exame de registros geológicos e simulações feitas em computador para reproduzir o desaparecimento da última camada de gelo cuja extinção ocorreu há 20 mil anos no hemisfério norte, a Laurentide, que cobriu extensa região abrangendo parte do atual Canadá e Estados Unidos.
Fonte : Sgeral / The Guardian/UK.

Veneno liberado

Daniel Santini

Os morangos polpudos e tomates vistosos que você compra no supermercado podem ser veneno puro. A revisão dos componentes de agrotóxicos utilizados na produção de alimentos foi censurada após o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola (Sindag), associação que reúne as empresas do setor, entrar na Justiça pedindo a interrupção do trabalho.
Por determinação do juiz Waldemar Cláudio de Carvalho, da 13ª Vara Federal do Distrito Federal, os resultados de novos testes não poderão ser divulgados e agrotóxicos que podem trazer riscos à saúde continuarão a ser vendidos normalmente. Legumes, verduras e frutas podem estar contaminados. A decisão deixou indignados os técnicos responsáveis Justiça barra controle de agrotóxicos pela análise de ingredientes de 99 agrotóxicos regularmente comercializados no Brasil. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) decidiu pela reavaliação depois de Estados Unidos, União Européia e países asiáticos restringirem o uso de boa parte deles. “O consumidor está sendo afetado. Há produtos com alta toxidade, até cancerígenos. E nós continuamos usando, consumindo”, lamenta Rosany Bochner, Coordenadora do Sistema Nacional de Informações Toxicológicas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), instituto responsável pela reavaliação. “É um retrocesso. Fica claro o peso dessas empresas de um lado e a fragilidade da saúde do outro. Parece que os juízes não comem, não são parte da população. Eles não percebem a gravidade do caso”, diz.
A Sindag conseguiu, com base em um pedido de liminar, que as empresas possam seguir vendendo os agrotóxicos mesmo que a reavaliação sinalize riscos. A decisão do juiz foi criticada pela coordenadora de Meio Ambiente e Patrimônio Cultural do Ministério Público Federal, a subprocuradora-geral Sandra Cureau, que pretende recorrer e responsabilizar as indústrias por eventuais danos à saúde.
Ela critica o fato de o juiz ter citado os riscos dos agrotóxicos na sentença e, mesmo admitindo que não há urgência que justifi que o pedido


Fonte: Sgeral / Folha Universal.

Ingleses de olho na Amazônia

Portal do Meio Ambiente

Brasil e Inglaterra possuem mais afinidades do que se imagina. E elas não dizem respeito apenas ao futebol, inventado pelos ingleses e consagrado em solo brasileiro. A discussão em torno do movimento de responsabilidade social corporativa, que ganhou fôlego na Inglaterra, também tem conquistado cada vez mais adeptos no Brasil. E agora, mais uma vez, o País poderá beneficiar-se da última “moda” lançada na terra da Rainha: a construção de uma economia competitiva de baixa emissão de carbono. O ponto de mutação para ambas as nações pode estar no combate ao desmatamento, cujo impacto para o aquecimento global é, segundo o Relatório Stern, maior do que o do setor de transporte.
A Inglaterra estabeleceu metas para 2020 de redução de 26 a 32% das emissões de gases de efeito estufa em relação a 1990. No entanto, conforme o relatório “Mudanças climáticas: um assunto de todos”, elaborado pela da Confederação Britânica da Indústria (CBI), o governo dificilmente conseguirá diminuir seu inventário de emissões apenas com medidas adotadas no Reino Unido.
“Uma parceria internacional é fundamental para enfrentar o desafio das mudanças climáticas. Atualmente, os maiores responsáveis pela emissão de gases de efeito estufa são os países desenvolvidos, mas as emissões produzidas por economias emergentes têm crescido de forma consistente e logo ultrapassarão às da Europa Ocidental e dos Estados Unidos”, aponta o documento.
Cerca de dois por cento das emissões globais de gases causadores do efeito estufa provém do Reino Unido, sobretudo as de dióxido de carbono, produto da queima de combustíveis fósseis para atender as necessidades de energia. Mas a "pegada de carbono" dos ingleses aumenta no mínimo 10%, se contabilizado o carbono emitido para produzir os artigos de consumo importados, assim como os bens e serviços para exportação.
A demanda dos países desenvolvidos por produtos, como óleo de palma, carne bovina e soja, ajuda a impulsionar o desmatamento, quando esses bens são produzidos de forma insustentável em florestas tropicais.
Consciente disso, o Príncipe Charles pretende colocar o combate ao desmatamento na pauta de discussões entre governos, empresas e organizações da sociedade civil. Por meio do Prince’s Rainforest Project, o herdeiro do trono britânico busca parceiros para desenvolver e propor mecanismos de reconhecimento do valor dos serviços ambientais prestados pelas florestas tropicais mundiais.
A iniciativa, anunciada em 2007, prevê quatro etapas de ação, a serem concluídas até 2009. Nesse ano, acontece a Convenção Mundial de Clima em Copenhague, ocasião em que se espera chegar à definição de um acordo para substituir o Protocolo de Kyoto, em vigor até 2012.
Em entrevista à Idéia Socioambiental, durante recente visita ao Brasil, James Heneage, diretor do Prince’s Rainforest Project, comentou sobre a mais importante iniciativa verde do palácio de Bunckingham e também sobre a percepção dos ingleses em relação ao desmatamento e o aquecimento global.

Idéia Socioambiental - Qual a proposta do Prince’s Rainforest Project?

James Heneage - Já estamos vivenciando o agravamento das mudanças climáticas e uma das principais causas desse desequilíbrio é a perda dos serviços ecossistêmicos oferecidos pelas florestas tropicais. O Príncipe Charles acredita que a única forma de preservar esses biomas, pela utilidade pública dos serviços prestados, é remunerar adequadamente os países que os abrigam. Por isso, criou o Prince’s Rainforest Project para integrar governos, empresas e organizações da sociedade civil em busca de alternativas para que a manutenção das florestas tropicais vivas passe a ser economicamente mais vantajosa do que destruí-las para desenvolvimento de outras atividades.

IS – Qual a imagem que os ingleses têm da Amazônia?

JH - Os britânicos aprendem sobre a biodiversidade das florestas tropicais nas escolas, sobre a exuberante riqueza de sua fauna e flora. Em alguns casos, vêem esses biomas como verdadeiros paraísos naturais. Por outro lado, ainda há pouco entendimento acerca das necessidades das pessoas que vivem nessas regiões que, muitas vezes, são encorajadas a ocupar as áreas para desenvolver atividades como a agricultura. No entanto, com as mudanças climáticas, eles começam a compreender a relação entre as florestas tropicais, o clima e a segurança alimentar, assim como a urgência de construir soluções para exploração sustentável desses biomas.

IS – Que papel caberá às empresas no Prince’s Project?

JH - A iniciativa Prince’s, ou qualquer projeto que seja, não pode deixar de considerar as lideranças do setor privado. As empresas, por meio de suas fundações corporativas e projetos de responsabilidade social, têm procurado responder aos anseios da sociedade por respostas para as crises de ordem econômica, ambiental e social. O projeto conta com o apoio de 16 companhias de diferentes setores empresariais (financeiro, industrial, energia, alimentação e mídia). Esses representantes compõem um comitê, junto com outros especialistas, que discutirão soluções inovadoras para combater o desmatamento.

IS - Que tipos de oportunidades de negócio o senhor vê para o desenvolvimento sustentável das florestas tropicais?

JH - Acredito que isso seja perfeitamente possível à medida que aprimorarmos a demanda por produtos e processos mais sustentáveis em toda a cadeia produtiva. Esse é um dos temas que traremos para discussão nessa segunda fase do projeto, acionando nossos contatos internacionais na área de negócios em busca de mecanismos para desenvolver mercados sustentáveis.

IS – Qual a sua avaliação do Protolo de Kyoto?

JH - Primeiramente, precisamos reconhecer os resultados obtidos até agora. O Protocolo de Kyoto é o único sistema que temos para redução das emissões de gases causadores do efeito estufa mundialmente, resultante de um doloroso processo de construção de consensos. O segundo ponto a se considerar é que os mecanismos de mercado estabelecidos pelo protocolo já estão disponíveis há 10 anos. Mesmo assim a lista de urgências no combate às mudanças climáticas ainda é colossal. Se nos esforçarmos para que cada vez mais países assinem o protocolo não vejo razão para que esse mecanismo não evolua mais rapidamente no futuro.

IS - Como o senhor tem visto o movimento de revisão de modelos mentais e de negócios na Inglaterra para construção de uma economia de baixo carbono?

JH - O Príncipe também está engajado nessa área e um de seus esforços tem sido discutir com as lideranças internacionais sobre formas de considerar externalidades nos modelos econômicos, mensurando o uso dos recursos naturais. O capitalismo trouxe tudo o que há de melhor e de pior para a nossa sociedade. Na direção de sanar o desequilíbrio que gerou, suas bases precisam ser revistas para conduzir-nos ao uso racional dos ecossistemas.

IS – O senhor acredita que as crises de ordem econômica, social e ambiental são, de alguma maneira, causadas pela falta de líderes que defendam a bandeira da sustentabilidade?

JH – As lideranças são extremamente necessárias. E percebo uma tendência de surgimento de líderes interessados pelas causas relacionadas a área ambiental e social, sobretudo nos países europeus. O Príncipe tem vantagens nesse sentido, na medida em que é internacionalmente reconhecido e independente por não ser político. Essas características, somadas a sua afinidade com a questão ambiental, facilitam o diálogo com diferentes grupos e a construção de pontes entre os países desenvolvidos e em desenvolvimento.

Prince’s Rainforests Project

Criado em 2007 pelo Príncipe Charles, o Prince’s Rainforest Project pretende agir como uma ponte entre governos, empresas e organizações da sociedade civil para identificar e desenvolver soluções práticas para combater o desmatamento.
Com uma equipe de 20 profissionais, a iniciativa conta com o apoio de representantes de empresas e organizações como o Banco Mundial, Barclays, Goldman Sachs, KPMG, Shell, entre outras.
Na primeira fase do projeto, foi realizada uma pesquisa para conhecer a receptividade a ações de preservação das florestas tropicais.
Entre março e abril de 2008, a Lippincott - empresa contratada para conduzir a consulta - entrevistou quatro mil pessoas no Reino Unido, Estados Unidos, Alemanha e França. Mais da metade dos entrevistados reconheceu que o desmatamento contribui mais para o aquecimento global do que o setor de transportes.
Em uma segunda fase de engajamento, a equipe do Prince’s tem discutido estratégias de ação entre os diferentes segmentos. Até novembro deste ano, pretende-se anunciar as propostas resultantes desse diálogo. Por fim, planeja-se fazer uma campanha de comunicação para incluir o desmatamento na agenda internacional de discussão das mudanças climáticas.

Aquecimento global: uma oportunidade de remodelar a economia

A mensagem do relatório “Mudanças Climáticas: um assunto do interesse de todos”, da Confederação Britânica da Indústria (CBI), divulgado na última semana, é clara. Postergar o enfrentamento das mudanças climáticas só aumentará os custos para adaptação dos modelos atuais e fará com que o Reino Unido perca oportunidades comerciais que surgirão à medida que o mundo se volta para uma economia de baixa emissão de carbono.
Para elaboração do documento, a CBI reuniu líderes de importantes setores empresariais do Reino Unido, cujas empresas empregam quase dois milhões de pessoas ao redor do mundo e geram uma receita anual de aproximadamente um trilhão de libras esterlinas.
Durante 10 meses, o grupo de trabalho avaliou os benefícios econômicos e os custos de diferentes opções para reduzir as emissões de gases de efeito estufa.
Segundo conclusão do grupo, para promover as mudanças necessárias para uma economia de baixa emissão de carbono, tanto os consumidores quanto as empresas precisam ser recompensados por tomar as decisões certas. “O carbono tem que ser cotado de acordo com a oferta e a demanda em um sistema de caráter transnacional, que propicie a redução das emissões e recompense o bom comportamento”, ressalta o relatório.
Veja o Gráfico Nível de preocupação das empresas inglesas em relação às mudanças climáticas aqui.

Fonte: Envolverde / Revista Idéia Socioambiental.

Embrapa: 7% do Bioma Amazônia são passíveis de ocupação

Portal do Meio Ambiente
Um estudo da unidade de monitoramento por satélite da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), de Campinas (SP), mostra que o aumento significativo das áreas destinadas à proteção ambiental e ao uso exclusivo de algumas populações reduziu de forma significativa as áreas passíveis de ocupação econômica urbana, industrial e agrícola. De acordo com o estudo, em termos legais, apenas 7% do bioma Amazônia e 33% do país seriam passíveis de ocupação.
É a primeira vez que o alcance territorial da legislação ambiental e das regras para ocupação do solo por índios, quilombolas e outras populações foi avaliado. O conjunto de todas as áreas protegidas levou a uma restrição legal de uso das terras sobre mais de 93% do bioma Amazônia, colocando na ilegalidade grande parte das atividades econômicas regionais, informou a Embrapa.
O pesquisador e chefe geral da unidade, Evaristo de Miranda, explicou que dos 4.240.605 km2 do bioma Amazônia, menos de 289.000 km2 estariam legalmente disponíveis para ocupação intensiva, seja agrícola, urbana ou industrial. No Brasil, seriam cerca de 2.841.000 km2, 33 % do território, o que corresponde quase à área já ocupada pela pecuária. "Onde colocar o que já está ocupado por áreas agrícolas, cidades, atividades energético-mineradoras, industriais e infra-estruturas?", indagou.
Para ele, os resultados da primeira fase da pesquisa da Embrapa são "inequívocos": para respeitar a legislação ambiental em vigor, por exemplo, em menos 7% da área do bioma Amazônia deveriam estar capitais, cidades e vilarejos, áreas de agricultura, indústrias, todas as obras de infra-estrutura, incluindo as do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), e boa parte de seus quase 25 milhões de habitantes.
O problema, de acordo com ele, vai agravar-se. Existem propostas de novas unidades de conservação (UCs). Segundo mapeamento do Ibama, além das UCs já existentes, as novas áreas consideradas como alta, muito alta e extremamente alta para conservação prioritária da biodiversidade somam mais de 3.000.000 de km2. Há propostas de criação e ampliação de terras indígenas, de áreas para quilombolas e para reforma agrária.
Para Miranda, embora várias leis e iniciativas visassem a proteção ambiental, elas não contemplaram as realidades socio-econômicas existentes, nem a história da ocupação do Brasil. "Acabam trabalhando contra o meio ambiente e a sustentabilidade. Para o ordenamento territorial, a impressão é de que o Brasil acabou. A prosseguir o quadro atual de ilegalidade e confronto com a legitimidade de demandas sociais e econômicas, todos perdem. Perde-se também, sobretudo, a perspectiva do desenvolvimento sustentável", completou.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Desmatamento desigual


Estudo avalia as diferentes causas para a redução das áreas de floresta nos estados da Amazônia

Revista Ciência Hoje
A produção de madeira e a expansão da agropecuária estão entre os principais fatores por trás do desmatamento na Amazônia (foto: Wetlands International).
O desmatamento descontrolado na Amazônia brasileira é um problema grave, mas não acontece de forma uniforme na região. Um estudo feito na Universidade de São Paulo (USP) analisou as diferenças no padrão de desmatamento entre os estados da Amazônia Legal nos anos de 2000 e 2004 e os impactos sobre o bem-estar da população da região. Os resultados indicam que a derrubada das matas acontece em ritmos variados e por motivos diferentes de um estado para o outro.
A pesquisa apontou que os estados mais desmatados são os localizados ao sul da região, como Tocantins e Mato Grosso, principalmente por causa do avanço da agropecuária. Esses estados já não estão entre os que mais desmatam hoje, pois as áreas de florestas já estão bastante reduzidas. Os resultados do estudo foram apresentados na tese de doutorado do geógrafo Rodolfo Coelho Prates, defendida em junho no Departamento de Economia da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), vinculada à USP.
De acordo com Prates, entre os principais fatores que causam o desmatamento estão o crescimento populacional, a produção de madeira, o aumento da malha rodoviária, a expansão da agricultura e dos rebanhos, aumento do crédito rural, entre outros. O discurso sobre o desmatamento na Amazônia dá a entender que se trata de um processo homogêneo, o que acaba por esconder seus diferentes padrões.
“A diminuição da área de floresta não é causada pelos mesmos agentes nem acontece na mesma velocidade nos diferentes estados”, explica Prates. “É preciso conhecer bem as causas para realizar políticas mais eficazes de preservação.”
No estado do Amazonas, por exemplo, os fatores de maior impacto são a extração de madeira e a expansão do crédito rural, que estimula pequenos agricultores. Já no caso de Mato Grosso, o terceiro estado com maior média de desmatamento na Amazônia Legal no período analisado, as principais causas seriam o crescimento da população e o aumento do preço da soja, que estimula o aumento das grandes plantações. No entanto, nos últimos anos – que não foram levados em conta no estudo de Prates –, esse estado acabou assumindo a liderança no desmatamento da Amazônia.

Relação com o bem-estar
A pesquisa também estudou a relação entre as áreas desmatadas e o bem-estar da população local. De acordo com Prates, houve pequenas alterações no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de municípios da região, apesar da melhoria mais significativa da renda da população.

“O desmatamento possibilita um aumento da produção, que por sua vez gera mais renda para as populações locais”, comenta. “Dessa forma, há reflexos no bem-estar dos habitantes”. No entanto, o preço sócio-ambiental a se pagar por isso é caro, já que o desmatamento também compromete a biodiversidade amazônica, contribui para o aquecimento global e afeta o ciclo de chuvas na região, entre inúmeros outros impactos.

A pesquisa aponta que não seria necessária a incorporação de mais terras para promover melhorias na região, e sim o uso mais racional das áreas já disponíveis. Além disso, haveria outras alternativas para melhorar a qualidade de vida da população que não causariam o desmatamento.
“Amapá e Roraima são os estados que mais investem no setor de serviços, o que contribui para os altos índices de bem-estar da população”, afirma Prates. “E nesses estados, o desmatamento contribui muito pouco para o bem-estar da população local”.
Igor Waltz
Especial para a CH On-line
02/09/2008