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segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Novas fontes que podem transformar o mundo



A maior parte das energias geradas no mundo vem dos combustíveis fósseis. Para serem transformados em energia, esses combustíveis são queimados, fator que o torna altamente poluente. A solução encontrada está na utilização de fontes renováveis de energia, obtidas de fontes naturais e que possuem a capacidade de se regenerar.

Essas fontes surgiram como alternativas viáveis para combater problemas relacionados à degradação ambiental e à escassez dos combustíveis fósseis. Estima-se que eles possam chegar ao fim em 40 anos, o que leva governos e sociedade a repensarem a necessidade de usufruir corretamente desse tipo de energia e optarem pelas fontes renováveis.

Os combustíveis fósseis são acumulações de seres vivos que viveram há milhões de anos e que foram fossilizados formando carvão ou hidrocarboneto. Eles podem ser utilizados em sua forma sólida, a exemplo do carvão, líquida como o petróleo ou gasosa através do gás natural.

De acordo com o geólogo e professor do Centro Federal de Educação Tecnológica da Bahia em Barreiras (Cefet – Barreiras), Robson Dantas, o combustível fóssil gera gases que contribuem com o aumento do aquecimento global, atualmente um grande problema para a humanidade, que causa modificações climáticas, que podem se tornar irreversíveis.

Opções - A energia dos ventos é amplamente disponível, possui baixo impacto ambiental e é limpa, pois não emite gás carbônico. No Nordeste o potencial de energia eólica está estimado em seis mil MW. Outros exemplos de energias renováveis são a solar (através de placas solares), biomassa (produzido com bagaço de cana, casca de arroz, cavaco de madeira e lixo) e maré-motriz (força da maré), todas consideradas ambientalmente corretas.

Segundo Robson Dantas, um dos fatores que levam à não utilização dessas energias está relacionado ao elevado custo de instalação. “Para recompensar o investimento nestas fontes, os custos de manutenção são pequenos, além do baixo nível de poluição”, afirma.

Também existem os biocombustíveis obtidos através da soja, mamona e girassol. O geólogo afirma que é preciso ter cuidado, pois o cerrado está sendo degradado em detrimento da expansão agrícola. “Neste caso é necessário o monitoramento para que essa fonte de energia renovável não se torne um problema, mas sim uma alternativa”, avalia.

No Brasil 90% da energia elétrica é gerada em usinas hidrelétricas. Elas provocam grande impacto ambiental como o alagamento de áreas, a perda da biodiversidade, a remoção de famílias, a morte de tradições e costumes. A utilização das fontes alternativas é a única saída para a resolução desses problemas. Para Robson Dantas, quando se fala em energia alternativa é preciso conciliar algo que é muito difícil desenvolvimento econômico com desenvolvimento sustentável. “Talvez essa seja o maior desafio da humanidade”. (Jackeline Bispo/Ascom Instituto Bioeste)

O Estado de São Paulo
Emissão de gás carbônico no País vai triplicar até 2017

Se por um lado a área ambiental do governo firma compromissos para reduzir as emissões de gás carbônico por meio da queda do desmatamento, do outro o planejamento do setor elétrico prevê mais geração termoelétrica, considerada uma energia mais poluente. Análises de técnicos do próprio governo indicam que as emissões de CO2 dessas novas usinas saltarão dos atuais 14 milhões de toneladas para 39 milhões em 2017.

A ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva, senadora pelo PT do Acre, está preocupada com as projeções do governo de aumentar a produção de energia em usinas termoelétricas, principalmente as movidas a óleo combustível. “Estamos na contramão da Europa e do que deverá acontecer nos Estados Unidos com a posse do Barack Obama”, disse.

A nova versão do Plano Decenal de Expansão da Energia, que traça as metas para o setor de 2008-2017, projeta que a capacidade de geração do País terá de saltar dos atuais 99,7 mil megawatts (MW) para 154,7 mil MW.

Desse acréscimo, cerca de 20,8 mil MW deverão ser gerados em usinas termoelétricas de diversos tipos, como nuclear, a gás, carvão, diesel, óleo combustível ou biomassa. A previsão do governo para a produção de energia em usinas movidas a óleo combustível - mais caras e poluentes - é de cerca de 40 novas térmicas até 2017.

Visita ao recife de coral


À primeira vista, eles parecem pedras, mas são... Animais!

Você assistiu ao filme Procurando Nemo ? Já ouviu falar nele? Esse desenho animado conta a história de um peixe-palhaço que vivia no oceano, mas foi capturado por mergulhadores, o que levou seu pai a sair à sua procura. O filme mostra que Nemo acabou sendo levado para um aquário, um lugar bem menos atrativo do que o seu antigo lar: um recife de coral, onde o peixe-palhaço vivia na companhia de muitos animais marinhos. Como no desenho, os recifes de coral estão presentes nos oceanos e são habitados por peixes multicoloridos, além de vários outros animais. Então, vamos saber mais sobre os recifes?

À primeira vista, os recifes de coral podem parecer pedras, com plantas presas à sua superfície, que servem de abrigo para um monte de bichos do mar. Mas, na verdade, os recifes de coral são formados por... Animais!

Pois é. Assim como as águas-vivas e as anêmonas, o que nós costumamos chamar de coral é um tipo de animal marinho conhecido como cnidário. Os cnidários apresentam tentáculos com estruturas que os auxiliam a se alimentar, pois contêm substâncias tóxicas capazes de paralisar as suas presas.

Os recifes de coral, como o próprio nome indica, são grandes colônias formadas pelos animais marinhos conhecidos como corais. Nem todo coral, porém, é capaz de formar recifes: somente os que apresentam algas microscópicas chamadas zooxantelas, que têm um papel fundamental na sua sobrevivência. Quando um recife de coral é formado, no entanto, algas e animais marinhos só têm a comemorar. Afinal, encontram ali moradia e abrigo.

Aqui há recifes!

Os recifes de coral se desenvolvem exclusivamente nas áreas do oceano que estão entre os trópicos de Câncer e de Capricórnio, onde a temperatura é de 20 a 28 graus. Para a formação dos recifes, as águas devem ser claras e rasas, pois alguns corais alimentam-se de um modo bastante particular.

Embora muitos corais sejam carnívoros – isto é, se alimentem de outros animais –, o que eles conseguem capturar para comer não é suficiente para garantir a sua sobrevivência. Então, muitos tipos de corais dependem de uma interação com as zooxantelas, as algas microscópicas que vivem junto a eles. Essas microalgas retiram o gás carbônico da água e produzem alimento para os corais por meio da fotossíntese: o processo que permite às plantas produzir o seu próprio alimento pelo uso da energia solar e do gás carbônico. Em troca, os corais oferecem abrigo, proteção e alguns nutrientes que a água do mar não pode oferecer. Uma parceria perfeita que só pode acontecer com eficiência se o recife de coral se formar em águas claras e rasas, garantindo, assim, às microalgas o acesso à luz, um requisito fundamental para que ocorra a fotossíntese.

Mas por que os recifes de coral, apesar de serem formados por animais, parecem tanto com pedras? Isso acontece porque, ao longo da sua vida, cada indivíduo do coral capta compostos presentes na água – como gás carbônico e cálcio – e libera uma substância chamada carbonato de cálcio, que vai dando origem a uma estrutura que fica com a aparência semelhante à de uma rocha. Essa estrutura forma o que poderíamos chamar de esqueleto do coral, por dar sustentação a ele. Quando o coral morre, essa estrutura permanece no local. Sobre ela, crescem novos corais, que produzem mais carbonato de cálcio, aumentando, assim, gradativamente, o tamanho dos recifes.

Ana Caroline Paiva Gandara
Instituto de Bioquímica Médica, e
Iana Barbosa Rodrigues
Instituto de Biologia,
Universidade Federal do Rio de Janeiro

Caqui, um aliado da saúde


Fruta impede acúmulo de radicais livres no organismo e previne doenças e envelhecimento precoce

O caqui é o mais novo aliado dos médicos na luta contra o acúmulo de radicais livres no organismo, que contribuem para o envelhecimento celular precoce e o surgimento de doenças neurodegenerativas, como o mal de Alzheimer, além de diabetes e câncer. Estudo feito na Universidade de Brasília (UnB) comprovou que o caqui (Diospyros kaki) do tipo rama forte tem ação antioxidante, ou seja, reduz ou previne a oxidação, impedindo que radicais livres danifiquem células e tecidos do corpo.

Os efeitos do extrato da polpa de caqui foram comprovados em testes in vitro realizados pela nutricionista Luana Taquette Dalvi, do Departamento de Nutrição da UnB. A pesquisadora destaca que a fruta é rica em carotenoides como o betacaroteno (substância também presente em cenouras e abóboras), além de ser fonte de vitamina C. A presença desses compostos, entre outros, explicaria a ação antioxidante do caqui.

Para observar a ação do caqui sobre os radicais livres no organismo, a nutricionista realizou testes com células de fígado de rato adicionadas a um sistema que estimula a produção do radical hidroxil (composto por oxigênio e hidrogênio). “Esse radical reage rapidamente com as diversas moléculas do organismo, como proteínas, lipídios, carboidrato e o DNA”, ressalta Dalvi. O efeito do extrato de caqui foi muito positivo: inibiu em até 90% o dano oxidativo causado pelos radicais livres.

Mas a nutricionista alerta que o consumo de caqui deve ser controlado, pois a fruta tem alta concentração de açúcar e frutose, que representam até 60% de seu peso. “O ideal é ingerir grande variedade de frutas e, se possível, consumir um caqui por dia”, recomenda. Apesar de ter origem oriental, o caqui é cultivado em todo o Brasil.

Antioxidante campeão

Segundo Dalvi, o caqui pode ser considerado um alimento com alto teor de substâncias que combatem os radicais livres. Mas ainda serão necessários outros estudos para classificar a fruta como alimento funcional, que, além de fornecer energia para o organismo, previne contra doenças.

Atualmente a lista de alimentos funcionais inclui inúmeras frutas e legumes, como ameixa, morango, manga, uva, beterraba e pimentão, além da soja e do chá verde. Dalvi destaca a presença de compostos fenólicos (denominados polifenóis) no mecanismo responsável pela ação protetora desses alimentos. Quando consumidos, esses compostos ativam no organismo efeitos anticancerígenos, anti-inflamatórios e antioxidantes.

Para prevenir doenças, a nutricionista aconselha também o consumo de alimentos ricos em carotenoides e vitaminas A, C e E. “Além de uma alimentação equilibrada, é importante evitar hábitos que provoquem aumento de radicais livres no organismo, como fumo, exposição excessiva a radiação ultravioleta (UV) e uso de drogas”, completa.

Juliana Marques
Ciência Hoje On-line
06/01/2009

Radiação ultravioleta afeta camarões


Pesquisadores brasileiros encontraram problemas visuais e alterações celulares nos crustáceos

Uma pesquisa brasileira acaba de apontar mais um impacto negativo da destruição da camada de ozônio: a radiação ultravioleta que passa hoje pelos buracos dessa camada afeta embriões de camarões de água doce. Os animais podem nascer com alterações celulares e na forma e pigmentação dos olhos, o que reduziria suas chances de atingir a vida adulta.

A pesquisa, que faz parte do doutorado da bióloga Evelise Nazari no Programa de Pós-graduação em Ciências Morfológicas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), analisou amostras de ovos de camarões obtidas em aquário e submetidas a radiação ultravioleta B (UVB) em laboratório durante quatro dias. A quantidade de radiação utilizada foi semelhante à que incide hoje sobre o estado de Santa Catarina, onde foram coletados os camarões adultos que puseram os ovos.

Além disso, os pesquisadores simularam as demais condições ambientais da região, baseados nas médias dos meses de verão, época do ano que coincide com o período reprodutivo desses crustáceos.

Após o experimento, foram observadas diversas alterações nesses embriões, como no formato dos olhos, que chegaram a não se formar em alguns casos. Além disso, a coloração dos olhos ficou mais clara. Os embriões apresentaram ainda problemas no desenvolvimento dos apêndices corporais, estruturas responsáveis pela locomoção: alguns cresceram demais e outros, muito pouco.

No ambiente, foram encontrados embriões com alterações na pigmentação dos olhos semelhantes às observadas no laboratório. Segundo Nazari, isso sugere que a incidência de radiação pode já estar interferindo nos ecossistemas.

“Esses embriões irão se desenvolver em larvas que possivelmente terão poucas condições de natação e captura de alimentos”, afirma a pesquisadora. “As chances de sobrevivência desses animais são bastante reduzidas.”

Alterações celulares

Os pesquisadores também verificaram alterações nas células dos embriões, principalmente no índice de proliferação celular e na taxa de apoptose (morte programada das células).

Para a orientadora da pesquisa, a bióloga Silvana Allodi, da UFRJ, o aumento da ocorrência de apoptose nas células pode significar um mecanismo de defesa contra a agressão sofrida pela radiação. “Com a morte programada, algumas células são eliminadas para que o tecido como um todo sobreviva”, explica.

O estudo de Nazari é parte de uma ampla pesquisa que avalia os efeitos da radiação ultravioleta e do bisfenol A (composto químico presente em objetos como garrafas PET e latas de conserva) em crustáceos. O trabalho é desenvolvido por pesquisadores da UFRJ, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e da Fundação Universidade Federal do Rio Grande (FURG)

As biólogas ressaltam que os crustáceos funcionam como monitores da qualidade dos diferentes ambientes em que vivem. Além disso, a diminuição do número desses animais pode causar diversos problemas ao ecossistema. “Os camarões de água doce, por exemplo, se alimentam de restos animais ou vegetais e são alimento para peixes e aves”, lembra Nazari. “Se houver redução dessa população, a repercussão ecológica será significativa”, alerta.

Tatiane Leal
Ciência Hoje On-line
07/01/2009




Nova hipótese de ocupação das Américas


Dados genéticos indicam que primeiros habitantes do continente seguiram duas rotas de migração

A ocupação do continente americano ocorreu por meio de duas rotas de migração distintas, ao contrário do que se acreditava. Novas evidências genéticas indicam que pelo menos dois grupos separados chegaram às Américas quase ao mesmo tempo e seguiram caminhos diferentes: um pela costa do oceano Pacífico rumo ao sul e outro pelo interior em direção ao leste da América do Norte.

Os primeiros americanos chegaram ao continente pelo estreito de Bering (porção de terra que conectou o nordeste da Sibéria ao Alasca durante a última idade do gelo) entre 15 mil e 17 mil anos atrás. Estudos recentes baseados em registros arqueológicos e ambientais sugeriam que eles migraram para o sul pelo litoral do oceano Pacífico. Esse povo teria originado quase todos os grupos de americanos nativos modernos das Américas do Norte, Central e do Sul.

A hipótese de que os primeiros habitantes das Américas tiveram uma origem dupla baseia-se na análise de duas raras e pouco estudadas linhagens de DNA mitocondrial existentes entre os americanos nativos modernos: D4h3 e X2a. O DNA mitocondrial, transmitido diretamente de mãe para filho, permite verificar se um grupo compartilha um ancestral materno comum.

A equipe internacional que conduziu a pesquisa, liderada por Antonio Torroni, da Universidade de Pavia (Itália), analisou pela primeira vez o DNA mitocondrial completo dessas duas linhagens.

Os resultados mostram que, nos estágios iniciais da colonização das Américas, a linhagem D4h3 se espalhou do estreito de Bering em direção à América do Sul pela costa do oceano Pacífico, alcançando rapidamente a Terra do Fogo. Essa rota teria provavelmente desempenhado o papel principal no povoamento do continente.

Rota alternativa

Já a linhagem X2a permaneceu restrita à América do Norte, exercendo impacto significativo na ocupação dessa parte do continente. Esse grupo seguiu um corredor terrestre aberto entre duas placas de gelo que levava diretamente para o leste das montanhas rochosas e povoou as regiões dos grandes lagos e grandes planícies. A existência desse corredor terrestre é compatível com dados paleoecológicos e ambientais.

“A dupla origem dos primeiros americanos é uma novidade surpreendente do ponto de vista genético”, dizem os pesquisadores no artigo que descreve o estudo, publicado esta semana na revista Current Biology. “As migrações iniciais do Pleistoceno em direção às Américas podem ter ocorrido em uma estreita janela de tempo de não mais que 2 mil anos, com uma sucessão de movimentos temporariamente distintos ao longo da rota costeira e do corredor sem gelo.”

Essas evidências genéticas fornecem novos elementos ao debate sobre as razões da grande diversidade cultural e linguística observada entre os americanos nativos. Os modelos tradicionais defendem que os primeiros grupos de humanos a colonizar as Américas vieram de uma única população, o que implicaria a existência inicial de apenas uma família linguística e um tipo de tecnologia e cultura.

Para Torroni, muito provavelmente mais de uma língua era usada entre os americanos nativos. Além disso, as diferentes tecnologias observadas em sítios arqueológicos da América do Norte poderiam estar relacionadas a grupos genéticos separados que usaram rotas migratórias distintas, em vez de serem resultado de diferenciação local. “Nosso estudo não encerra o debate, mas as implicações dos nossos resultados são significativas.”

Thaís Fernandes
Ciência Hoje On-line
08/01/2009